terça-feira, 12 de novembro de 2013

O Senhor é Meu Pastor

 
  O Senhor é meu pastor e nada me faltará.

  Nasci em família católica.
  Na infância mesmo tendo Jesus como meu pastor faltava bastante coisa.
  Eu orava bastante, estava sempre com uma cruz no pescoço só tirava para dormir e tomar banho.
  Na adolescência frequentava a igreja Bom Pastor, se por algum motivo passasse no centro da cidade não deixava de entrar na catedral.
  Fé não me faltava, não esperava que nada caísse do céu, mas ficava a espera de alguma oportunidade e não surgia nada, era só tiro na água.
  Na Usimec (empresa metalúrgica) meu amigo Valmir me convidou para um retiro espiritual em Vinhedo com a igreja presbiteriana.
  Fiquei com muita dúvida.
  Será que evangélicos tinham uma proteção maior de Deus?
  Ser católico até ali era só osso.

  Por mal conselho de um sindicalista acabei sendo demitido.
  Era só uma mudança de horários.
  Eu saía as 16 horas iria passar a sair as 17.
  Ficaria um pouco mais corrido para entrar na escola as 19 horas, mas o tempo seria suficiente.
  Era normal ter um pessoal do sindicato dos metalúrgicos dando panfletos e orientações na entrada da fábrica.
  Comentei o assunto com um deles, ele me disse que a firma não podia mudar meu horário.
  Quando entrei assinei um contrato de horário e a empresa teria que respeitar.
  Falei isso no RH eles disseram tudo bem.
  Oba, viva o sindicato!
  Em menos de 1 semana fui demitido...

  Evidente que isso ferrou minha vida que já era bem ferrada.
  O complicador é que eu estava perto de completar 17 anos, idade de quartel.
  Arranjar um serviço registrado só por milagre.

  Será que era um “sinal” para eu mudar de religião?
  O convite do Valmir, o problema inesperado na empresa, o retiro ocorrendo na semana seguinte a minha demissão ...
  Comecei a frequentar assiduamente a igreja Presbiteriana, gostei.
  Era bem mais “fervoroso” que o catolicismo.
  Eu ia de quarta, sábado, domingo de manhã (escola dominical) e a noite no culto.

  A proteção melhorou?
  O milagre de um emprego registrado não aconteceu.
  Para conseguir algum dinheiro fui vender produtos naturais de porta em porta.
  Precisava muito ser dispensado do serviço militar e essa suplica também não foi atendida.
  No exército eu não tinha dinheiro nem para voltar pra casa imagine ir à igreja.
  Foi praticamente um ano sem ir ao culto.
  Quando terminou o serviço militar eu estava super apático.
  Tinha muita fé, orava bastante, mas ir à igreja não era mais prazeroso virou obrigação.
  Paralelo a isso no exército tomei um pobre de leitura.
  Eu já lia bastante, mas no exército sem grana para ir pra casa eu passava na biblioteca municipal e pegava muitos livros.
  Década de 80, sem Internet, uma TV ruim para dividir com uma porção de soldados.
  Ler era o passatempo que me ajudava a suportar a fase militar.
  Muito conhecimento na cabeça, sentimento de proteção na igreja nenhum, a vida dura de sempre ... virei aquele católico/evangélico que só vai a templos em comemorações ou para fazer visitas a convite de familiares e amigos.

  Depois de alguns anos voltei a frequentar assiduamente “igreja”, um Centro kardecista no bairro Vila Nova, mas essa é outra fase...

 O que me provocou essa meditação foi a frase em destaque, mas com implicações bem mais profundas.

O Senhor é meu pastor e nada me faltará.

  Até que ponto decidimos as coisas ou somos “induzidos” a um caminho?

  Não tem como saber, mas:

  Se eu tivesse uma infância mais “normal” ... que não faltasse tanta coisa, será que aceitaria o convite do Valmir?

  Arranjar emprego registrado próximo do alistamento militar realmente é bem difícil, mas ser dispensado do exército não seria um grande milagre, tantos colegas meus foram dispensados por simples “excesso de contingente”.
  Quero dizer que a dispensa do exército provavelmente me manteria na igreja Presbiteriana por um tempo indefinido.
  O “Senhor” me deixou faltar essa “benção” de propósito?

Eu sou o que sou ao acaso ou fui induzido a isso?

  “Decifra-me ou te devoro!”

  






  Me perguntaram como foi desistir de ter religião?

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