sábado, 13 de dezembro de 2025

Cais do Valongo

 



William: Ainda bem que meus antepassados foram vendidos como escravos para o Brasil. 
  
  Não sei o que tantos admiram na cultura de povos africanos.
  Ainda bem que não nasci naquele continente.
  Parece que algum antepassado meu ser vendido como escravo foi um ótimo negócio pra mim.
  Vejam o caso da Libéria.
   Os liberianos têm total independência há décadas, não foram colonizados por nenhum país europeu.
  Parte da população é de negros que eram escravos nos Estados Unidos e no processo de fim da escravidão voltaram para mãe África.
  Os que voltaram da América  se sentiam superiores aos que nunca saíram da África e nisso já começou algum estranhamento e enfrentamento entre grupos.

  Mas não  importa, essa é uma constante na África.
  Se organizar para viver em paz e harmonia, não.
  Se dividir em vários grupos prontos para guerrear entre si, sim.
  Se não  tem motivo eles arrumam um.
  Os africanos querem uma eterna e generosa ajuda internacional para remédios e comida, enquanto para armas não falta dinheiro vide o caso “Sudão” e tantos outros.

Amélia: Pena que não foi você no lugar dos teus antepassados quem estivesse naqueles navios negreiros levando chibatadas, já que não nutre nenhuma compaixão com os seus.

William: Realmente não me apego muito ao passado, o que me possibilita analisa-lo de maneira mais lógica e menos sentimental.
   Se alguém me oferecesse grana para entregar minha filha como escrava eu jamais aceitaria.
   Mas vamos supor que eu aceitasse a negociação.
   Quem comprou não esta certo, mas eu que vendi estou!?

   A escravidão é quase tão antiga quanto a humanidade.
   Mas por volta de 1500 não sei de portugueses capturando outros portugueses para vendê-los como escravos.
  (Lembrando que povos africanos são muito mais antigos que povos europeus.)
  Se os poderosos do Congo e Angola faziam isso ... onde esta o erro maior?

  Decifra-me ou te devoro!






                                       


Davi: Pode ser considerado racismo.
 O texto atribui características negativas a povos africanos como um todo, tratando conflitos, pobreza e violência como traços inerentes a uma “cultura” ou a uma suposta incapacidade coletiva.
  Isso é racismo porque generaliza, desumaniza e essencializa um grupo racial, ignorando diversidade interna e contextos históricos.
  Além disso, relativiza a escravidão ao apresentá-la como algo positivo para descendentes, o que reforça uma lógica racista ao normalizar a violência histórica sofrida por negros africanos e seus descendentes.
 
William:  “como traços inerentes a uma cultura”
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  A palavra "inerente" descreve algo que é uma qualidade essencial, permanente ou intrínseca a uma coisa ou pessoa.
  É algo que faz parte da natureza fundamental de algo, não sendo adquirido ou acidental.
.
  A cultura por si só é mutável, não é permanente ou intrínseca.
  Veja o caso dos japoneses (para não ficar revirando o passado distante).
   Até 1945 eram extremamente violentos.
   Hoje estão com dificuldades de sair do pacifismo extremo.


 







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