sábado, 2 de novembro de 2013

Auto Realização

  “O homem não é um animal solitário, enquanto perdurar a vida em sociedade, a realização de si mesmo não pode ser o supremo princípio ético.”
 [Bertrand Russel]

  Esse é mais um texto sobre a impossibilidade de sermos felizes.
  Devemos “colecionar” bons momentos, agir de forma que eles aconteçam, sem a ilusão que vão durar muito ou para sempre.

“O homem não é um animal solitário.”

  Imagine que todas as pessoas do mundo desapareçam nesse instante, só reste você.
  De certo o sentimento será de pavor.
  Em pouquíssimo tempo sua maior alegria seria encontrar outro ser humano, mesmo aquela pessoa mais irritante que conhecesse.

  Logo, sem conviver com outras pessoas não tem como sermos felizes.

  E convivendo com pessoas como elas deveriam ser para nos sentirmos “plenamente satisfeitos”?

  Vejam meu caso.
  Para eu ser feliz teoricamente minhas filhas tem que ser exatamente como eu quero que elas sejam, minha esposa tem que ser exatamente como eu quero que ela seja, o trabalho, os amigos, as notícias, tudo tem que ser como eu idealizo.
  No trabalho o patrão teria que dar a empresa para mim, pois não vejo outra maneira da empresa ser tudo que eu espero dela.
  De posse da empresa isso não seria suficiente, todos os funcionários devem trabalhar da exata maneira como eu quero, até as empresas concorrentes não deveriam tentar me tirar da liderança de mercado... isso atrapalharia minha “felicidade”.

  Não vou me estender sobre isso, pois acredito que todos já entenderam e para quem ainda não entendeu nenhuma explicação será suficiente.

  Teoricamente para um humano ser feliz todos os outros tem que viver em função dele.
  Esses outros naturalmente serão infelizes porque as necessidade de um único humano está acima de todos os outros.
  Essa é uma situação extremamente propicia para revoltas e questionamentos.
  Reis e imperadores conseguiam a idolatria de muitos, mas em geral se mantinham pela força, “o exército era com eles”.

   “A realização de si mesmo não pode ser o supremo princípio ético.”

  Por vezes é preciso flexibilizar seus sonhos para que a solidão não chegue junto com sua “auto realização”.

  








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