sábado, 30 de maio de 2015

Viagem Astral

  Minha experiência com sonhos me leva a considerar fortemente a hipótese de sermos espíritos presos em um corpo biológico.


  Durante o sonho vivenciamos o "banho de Sol".
  Aquele momento que o espirito pode deixar a cela, amenizar o peso do confinamento, mesmo que ao acordar não nos lembremos de nada.

 Fora o sonho, acredito que muitas drogas tem como efeito colateral o enfraquecimento da ligação corpo/espirito.
  Explico.
  Entendo alguém se drogar para ter mais disposição física, se sentir mais seguro/confiante, fora isso não vejo lógica em usar drogas.
  Nunca usei drogas não sei como é a sensação, mas acredito que nos filmes as imagens produzidas correspondem a relatos reais.
  Perguntei a alguns amigos que se drogavam o que eles viam ou sentiam, os relatos conferem.

  

  Minha convivência mais intensa com usuários de drogas aconteceu dos 21 até os 24 anos, mais ou menos.

  A fase que eu frequentei mais casas noturnas (baladas).

  Meus pesadelos aconteciam desde sempre que consigo me lembrar (3, 4 anos de idade).

  Aos 13, 14 anos pararam.

  Lá pelos 27 tive uma trágica recaída.

 

 

   Na maior parte do tempo drogados tem visões surreais não muito agradáveis e imagens distorcidas da realidade.

  Um colega disse que viu cobras saindo por ralos, eu ri muito.
  Falei algo mais ou menos assim:

  Caraca "Fabio Assunção", que sensação "maravilhosa" é essa de ver cobras por todos os lados.
  Se você fosse um gayzinho vendo pênis por toda parte eu até entenderia seria como um gordo em uma doceira.😊
  Mas cobras!!


   Ele disse que não começava com coisas como cobras e outros monstros, mas com uma sensação de muita paz, muita plenitude, parecia levitar.
  A "cobra", a paranoia, é o efeito colateral indesejado e inevitável.

  Quando ele disse isso minha mente entrou em espiral, sim, eu sabia muito bem o que ele estava dizendo, eu reconhecia essa experiência.

  Era o que acontecia comigo quando sonhava!

  No início era muito agradável depois vinha o terror.
  Para quem se droga é “só” parar de usar drogas (sei que não é fácil), mas como alguém deixa de dormir!?

  Se eu dormisse sonhava, os pesadelo aconteciam.

  O jeito foi tentar controlar o sonho.
  Na biblioteca lia qualquer livro interessante sobre o assunto, fui testando técnicas.

  Com o tempo fiquei muito habilidoso, direcionava o sonho para lugares bonitos que eu tinha na memória, no entanto permanecer nesses lugares era bem difícil.

  Estava nesse lugar bonito, mudanças desagradáveis iam acontecendo.
  Forçava minha mente para redirecionamento.

  Dessa forma ficava pulando de paisagens em paisagens, de situações em situações.

  Era bem cansativo, eu já percebia quando estava sonhando (ou viajando), o mais lógico seria parar de sonhar, mas nunca aprendi como interromper o sonho.
  Algumas vezes acreditava que tinha conseguido.
  Porém, eu "acordava dentro de outro sonho".

  O jeito era ficar atento a qualquer mudança, luz diminuindo, coisas e pessoas bonitas ficando feias... era o sinal que eu deveria forçar minha mente para o redirecionamento, mudar de lugar.
  Se a grama verde começasse ficar acinzentada era um sinal.
  As vezes não dava tempo a mudança era muito rápida, o dia virava noite.
  Resolvi esse problema também, aprendi a "voar", mais precisamente flutuar/levitar.
  Eu dava um grande salto e ficava flutuando bem alto. 
  Se estivesse aterrissando em algum lugar desagradável, com pouca luz, forçava minha mente para um novo impulso até encontrar um lugar agradável.

  Com minha habilidade aumentando meus poderes também foram sendo desenvolvidos, eu já não ficava sem forças conseguia correr e mais que isso caso alguma criatura conseguisse se aproximar conseguia afasta-la com golpes, isso era só em situações extremas eu meio que instintivamente sabia que a prioridade era me afastar, evitar contato.

  O "terror" noturno em si deixou de acontecer os sonhos continuavam intensos, mas para mim agora era mais uma aventura.
  Aventura no sentido literal, na minha percepção os sonhos duravam a noite inteira.
  Várias vezes um sonho começava no início do sono, se por algum motivo eu acordasse durante a madrugada, quando voltasse a dormir o mesmo sonho continuava!!
  Eram "super produções", o que me deixou curioso.

  Até que ponto aquilo era sonho, algo totalmente circunscrito a minha mente?

  Gostava de direcionar minha mente para comida, sempre estava em um lugar bonito comendo alguma coisa, mas a comida não tinha muito gosto, as vezes acordava mordendo a fronha... (isso não ficou legal😊 agora já foi.)

  Foi nesse certo "tédio" que me surgiu a ideia de um teste.

  Direcionar minha mente para uma casa lotérica no tempo futuro, conseguiria alguns números, jogaria para ver o que aconteceria.

  O que eu acreditava que iria acontecer?

  Estava muito habilidoso, com facilidade chegaria ou apareceria na casa lotérica, veria os números, jogaria na vida real e ... não daria nada.
   Era tudo fruto da minha mente, poderia imaginar quaisquer números.

  Meu sonho/viagem começou...

  De início algo estranho aconteceu, tinha mentalizado uma casa lotérica aqui perto na Avenida das Amoreiras.
  Não sei como explicar, ela sumiu, era como se metade do bairro que eu morava não existisse, bem a parte que tinha a casa lotérica.
  Metade do bairro ficava em uma escuridão sem fim, eu que não iria entrar naquele breu.
  Não me dei por vencido.
  Mentalizei o centro da cidade, apareci no início da avenida 13 de maio.
  Me lembrava de uma casa lotérica próximo ao largo do Rosário, fui flutuando pra lá.
  Era para ser dia, mas estava noite... isso era outra coisa fora da minha rotina, por mais que eu mentalizasse luz ela não aparecia.
 
  Passavam pessoas (vultos) do meu lado, a aparência não era boa.

  Tudo pedia para eu mentalizar uma outra situação, um lugar bonito comendo alguma coisa, mas a lotérica estava tão pertinho.

  Quando cheguei na catedral de Campinas a luz era bem tênue depois dela era só breu o mesmo breu que encontrei no bairro.

  Depois de tanto esforço desistir ali? 
  Era só um sonho o que de tão mal poderia me acontecer?
  Decidi entrar no breu seria como entrar em uma densa neblina passando a catedral minha capacidade de visão melhoraria...

  Esse foi o último pensamento que lembro ter tido.

  Daquele breu saíram duas criaturas, uma agarrou meu braço direito e outra o esquerdo foi tão rápido que não tive tempo de nenhuma reação fui levado de costas há uma velocidade incrível mais parecia uma queda.
  Imagine se atirar de costas de um prédio bem alto, o terror de esperar o impacto.
  Eu cai no meu corpo.
 Daquela vez não foi como o acordar de um sonho, foi como ser jogado de volta.
  Acordei péssimo, como se estivesse todo arrebentado, a sensação era de ter afundado eu e a cama uns 2 metros no solo.
  Quem assistiu o filme Matrix deve lembrar da cena que Neo cai do alto de um prédio e acontece uma onda de distorção.
  É a descrição exata do que me aconteceu, essa cena me deixou arrepiado.
  Não, não foi influência do filme, que só foi gravado muitos anos depois.

  O que me impediu de ver os números da loteria?

  Minha mente, tenho quase certeza que não foi.
  Estava com aquele firme propósito gravado.

  Outra coisa intrigante aconteceu.
  Depois dessa ocorrência ... parei de sonhar!
  Ou pelo menos não lembrava mais dos meus sonhos.
  Quando muito tinha um flash bem rápido de alguma  coisa.

  Não senti falta de sonhar.
  A noite foi feita para dormir, era só o que eu queria desde há muito tempo, desde que nasci...

  Dorme William, dorme  e ... não sonhe.








  “O que faz andar o barco não é a vela enfunada, mas o vento que não se vê.”
[Platão]


  O que me mantem vivo é o sangue que estufa minhas veias ou o sopro do espirito que não se vê?


__________________________

Nenhum comentário:

Postar um comentário