sábado, 22 de outubro de 2016

Ética dos Outros

  A maioria dos trabalhadores nunca esteve em cargo de chefia, nem foi dono de empresa.
  Como passei por essas situações é interessante compartilhar algumas ocorrências estando do "outro lado". 

  O que você acha quando a pessoa cobra um "procedimento ético" que ela mesma não pratica?

  Sei que ética, moral, bons costumes são terrenos pantanosos, mas também sei que certas situações não dão muita margem a dúvidas.
  Roubar, mentir, assassinar, corrupção, se permitir uma vantagem indevida ... não são éticos.

  Quem não conhece aquela pessoa que consegue atestado médico sem estar realmente incapacitada para trabalhar?

  Tem médico que é rigoroso até demais antes de emitir atestado, tem outros que são bem desleixados.
  Mas tem também o paciente que nessa hora é um grande ator, na duvida o médico acaba cedendo.
  Lembrei de um caso (ouvi o cidadão falar no vestiário), colocou uma gota de agua sanitária no olho, ficou vermelho, conseguiu atestado para conjuntivite. 
  É, possivelmente um médico mais atento não deixaria passar.
  Mas médicos são humanos como qualquer um de nós.
  Tem os mais dedicados e experientes, tem os menos dedicados ou menos experientes.
  Tem dia que é fod# 😊 e o profissional não esta no seu melhor momento...

   Nos casos de doença e morte, os funcionários (sem generalizações) querem uma consideração com a situação que eles mesmo não tem.
  
   É comum o funcionário considerar sacanagem, falta de consideração da empresa o desconto de dias por motivo do falecimento de algum parente querido.
  Na mente do cidadão vem aqueles chavões.

😡 “Só pensam em dinheiro, não tem a mínima consideração.”

😭 “Eu trabalho aqui há tantos anos e é isso que eu recebo.”

  Vamos ficar apenas nessas duas frases.
  Na posição de encarregado, diante dessas reclamações do funcionário eu ficava em silêncio, em respeito à sua dor.
  Fazia expressão de chateado e ouvia o desabafo do cidadão.

  O que passava em minha mente?

  O funcionário sabe que são dois dias de licença.
  Por qual motivo a empresa lhe daria três!?
  Acordo é acordo, lei é lei.
  Se a mãe, pai, filho de qualquer um morrer vale o que esta no contrato de trabalho.

  A pessoa esta muito abalada?
  Falte os dias que precisar, dificilmente vai acontecer uma demissão, mas receber como se estivesse trabalhando... não dá.
  Se a empresa abrir exceção para um tem que abrir para todos.

  O "engraçado" nessa situação é que a pessoa fala que a empresa esta só pensando em dinheiro.
  Mas o funcionário também não estaria!?

  A mãe do cara morreu, se esta tão preocupado com o desconto no salario, venha trabalhar! 
  Percebem?
  É um "abalo" estranhamente seletivo.
  Ele pode pensar em dinheiro os outros não!?

    A pessoa cobra uma “ética”, uma “consideração”, um “desapego ao dinheiro” que ela mesma não demonstra.

  Eu raramente faltei no empego por dois motivos.

a) Sou muito responsável, faço de tudo para cumprir minha palavra e meus contratos.
  Sei que meus companheiros de trabalho contam com minha presença para não terem uma sobrecarga de atividade.

b) Sou pobre, qualquer diminuição do salário é muito desagradável.
   Como sempre tenho reservas não posso dizer que afeta o pagamento de despesas, mas não conheço ninguém que podendo ganhar 100 fica satisfeito com 80...eu não sou exceção.

  Mas se acontecer algo grave ou que me abale a ponto de não me achar em condições de trabalhar assumo o B.O.
  Falto, e a empresa que desconte o que é legalmente justo descontar, sem magoas ou ressentimentos.
  Certa vez, bem no dia da volta de uma viagem ao Paraná meu carro quebrou.
  Foi uma infelicidade, claro que não queria que isso ocorresse.
  Lógico que também não é culpa da empresa.
  Fiquei no prejuízo do conserto e do dia descontado.
  Naquele dia não trabalhei, desfalquei gravemente a equipe, era volta das férias coletivas.
  A empresa foi prejudicada.




  Quando minha mãe faleceu (2014), fiquei em casa um dia a mais.
  Como no caso do cidadão, não pensei que exatamente o dia da morte contava.
  No meu entendimento se o familiar morre no dia 13, eu tenho direito ao 14 e 15.
  Depois descobri que isso depende da hora do falecimento ... mas deixa pra lá.
  Se a empresa descontasse era justo.
  Como trabalho em esquema de plantão, minha Diretora Cida gentilmente fez uma mudança de folga, não fui descontado.
  Mas se fosse, não teria nenhuma magoa da minha parte, contrato é contrato.

  Ninguém pode me acusar de falta de ética.

  E você?
  É ético ou só cobra isso dos outros?

Corrente do Mal



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