sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Oitenta Centavos



  Essa imagem me fez lembrar de um comércio que tive a infelicidade de adquirir.
  Ô fase difícil!
  Não tinha limite para meu suplicio.

  Ainda bem que pelo menos a saúde não me abandonou.
  A "alma" estava em frangalhos, mas o organismo permaneceu confiável.

  Essa árvore era um incomodo porque não fazia 1 minuto de sombra na área do estabelecimento.
  O Sol da tarde vinha com tudo.
  Se ela desse sombra o pessoal poderia consumir alguma coisa nas mesinhas.
  Com aquele Sol era impossível.
  Gastei uma grana instalando cobertura com isolamento térmico, mas não era tão eficiente quanto uma árvore frondosa dando sombra.

  A árvore além de não favorecer em nada ainda me prejudicava.
  Soltava bastante folhagem me obrigando a chegar mais cedo para varrer a calçada.
  E não era uma varridinha por cima não, eram muitas folhas.

  Foi uma fase que definitivamente não deixou nenhuma saudade.
  Por esses dias uma ex-cliente falou de como o ambiente era acolhedor e de quanto ela sentiu por eu passar o ponto.
  Dei um sorriso e lembrei de mais esse suplicio...
  Ela gostava de chegar ali pelas 20 horas.
  Eu "tentava" fechar as 21.
  Mas sabem como é, não dá para ir tirando o cliente da mesa.
  O "tô fechando" não raro se estendia até ás 22 horas ou mais.
  Para quem começou o trabalho as 7 horas varrendo a calçada, imaginem o desgaste.

  Esse pessoal do fim de expediente "alegrava o ambiente", quem passava devia pensar: "Que bar de sucesso."
  Que nada, essa cliente por exemplo, nas cerca de 3 horas que permanecia ali, consumia no máximo duas cervejas Itaipava.
  Não lembro bem o valor, mas minha mente matemática agonizava.
  Cada cerveja me rendia cerca de  40 centavos.
  Duas cervejas = 80 centavos.
  Nem sei como eu conseguia fingir para o cliente que tudo estava bem...

  (Por favor, eu tinha e tenho enorme carinho por quem frequentava o bar.
  As pessoas não tinham culpa do meu infortúnio.
  Eu sempre consegui separar bem esse tipo de coisa.
  Ás vezes deixo escapar alguma "grosseria", mas mesmo nos momentos mais difíceis me esforço para ser "civilizado".)

  O que é lindo para uns pode ser um suplicio para outros.

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