O Brasil está entre os países mais violentos do mundo em numero de homicídios.
Com maior acesso as armas ficaria pior?
É difícil saber.
Precisaríamos facilitar o acesso por uns dez anos e comparar os períodos. Minha aposta é que não haveria mudança significativa.
Depois de muita meditação acredito que o problema cultural que deixa nosso povo tão violento é o ódio que disseminamos com incrível persistência.
Não sei quando começou, mas foi potencializado ao máximo na década de 1960.
Um dos ódios que disseminamos bastante é ao governo e por extensão aos políticos.
Parece que todo governo, qualquer governo, é inimigo do "povo".
Queremos que o Estado resolva todos nossos problemas, por ele não ter essa capacidade, o odiamos...
Um exemplo.
Durante a semana passada debati bastante sobre Paulo Freire.
Publiquei um texto sobre Branca Alves que na minha opinião deveria ser a "patrona da educação". (Não ligo para esses títulos, mas as pessoas acham algo muito importante.)
Percebi algo interessante.
Quantas vezes você já ouviu que o governo quer o povo burro para melhor manipular?
Eu, incontáveis vezes.
Dá raiva, nos sentimos vitimas dos políticos.
Notei que tanto no caso da cartilha Sodré quanto da Caminho Suave foram governantes que buscaram uma melhor qualidade de ensino, aproveitavam as propostas mais promissoras.
O Brasil como tantas outras nações por volta de 1900 era um país rural.
Melhor acesso a escola só nos grandes centros que nem eram tão grandes.
Os diversos governos foram levando mais escolas para os vilarejos.
A proposta sempre foi de "universalização do ensino".
Vejam que a raiva do Governo por ser contra "escolarização de qualidade" não tem razão de ser.
Com Paulo Freire não foi diferente.
Em 1963, Freire construiu, em parceria com a equipe da
Universidade do Recife, um projeto para alfabetizar, no prazo de 40 horas, 300
trabalhadores rurais em Angicos, em uma ação articulada entre o governo do
estado e o Serviço de Extensão Cultural da instituição.
“A iniciativa
pretendeu não apenas ensinar a ler e escrever, mas também fazer com que as
pessoas conhecessem seus direitos como cidadãs, além de desenvolver uma visão
crítica de mundo”.
FAPESP
Vejam que os governos estaduais e federais se esforçavam para melhorar a escolarização.
Nossa população rural não valorizava muito a alfabetização, foi uma mudança cultural difícil.
Sabiam que Paulo Freire teve grande apoio do SESI?
Serviço social da INDUSTRIA.
A "elite" tão atacada pelo próprio Paulo.
O caldo entornou quando ficou claro que o objetivo principal dele não era alfabetização, mas sim a divulgação de ideais gramscistas.
Daí veio o golpe de 1964, Freire foi exilado.
No entanto Paulo Freire voltou em 1980.
O regime militar acabou em 1985.
Sarney, Collor, Itamar, Fernando Henrique, Lula, Dilma, Temer ... todos adoradores de Freire e sua metodologia de ensino.
Deveríamos estar no "primeiro mundo da educação" ... caso os ideias de Paulo Freire fossem realmente eficientes.
Enfim, noto que há um grade esforço de vários governos para melhorar a escolarização.
Nosso ódio do governo a esse respeito é totalmente infundado. Inclusive do regime militar.
A criação do MOBRAL, durante a ditadura militar, ocorreu em substituição ao método de alfabetização de adultos preconizado pelo educador Paulo Freire.
De todo modo, o método de alfabetização usado pelo MOBRAL era fortemente influenciado pelo Método Paulo Freire, utilizando-se por exemplo do conceito de "palavra geradora".
A diferença é que o Método Paulo Freire utilizava palavras tiradas do cotidiano dos alunos, enquanto, no MOBRAL, as palavras eram definidas a partir de estudo das necessidades humanas básicas por uma equipe técnica definida pelas normas padrões da língua culta.
[Wikipédia]
Aqui há muita corrupção, as verbas para escolarização nem sempre tem a melhor destinação, mas não há um projeto deliberado dos governos para manter o povo burro.
Se culturalmente somos tolerantes com a corrupção é outra questão.
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