quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Isonomia Salarial

  “O homem é feito visivelmente para pensar; é toda a sua dignidade e todo o seu mérito; e todo o seu dever é pensar bem.”
  [Blaise Pascal]
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  Hoje em dia as pessoas não são mais reconhecidas por ficarem bastante tempo em uma empresa, pelo menos foi o que percebi ao sair de uma a qual fiquei vários anos.

  Antes era considerado um funcionário/pessoa estável.
  Agora é alguém "com pouca iniciativa/acomodado".

  São os modismos que acontecem em qualquer parte, até no RH.

  Quando eu entrevistava candidatos a estabilidade tinha peso significativo pra mim.
  Os serviços em geral apresentam inúmeros detalhes que só o tempo e a experiência podem trazer.
  Com a diversificação dos produtos e serviços hoje mais que nunca cada empresa é um Universo a parte.
  A escola/faculdade boa consegue dar uma noção para seus alunos, mas só o dia a dia dentro da empresa é que fará o indivíduo conseguir uma boa profissionalização.
  Até pouco tempo era comum um funcionário ganhar presentes por tempo de serviço, era comum até bonificação, não, eu não peguei esta época, apenas ouvi histórias de parentes e colegas mais velhos.
  Eu trabalhei anos em uma empresa e só consegui um bom aumento depois de ocupar cargo de chefia e mesmo assim não foi aquelas coisas.

  Esse é um assunto complexo, não estou dizendo que uma pessoa deve ganhar mais só porque é “velha” de empresa, mas se é um bom funcionário naturalmente acumula conhecimento sobre o produto que vende ou fabrica então deveria ter um diferencial salarial.


  O rodízio de funcionários atualmente é muito grande e credito como um dos motivos à falta dessa “diferenciação/reconhecimento”.
  Exemplo:
  O vendedor de eletrônicos está ficando experiente, percebe que está muito mais eficiente que seus companheiros novatos, mas as empresas preferem nivelar todo mundo por baixo, o cara fica desmotivado e prefere forçar a demissão, mudar de ares sacando seu FGTS.
  A culpa não é só das empresas, existe uma complicação jurídica onde dois balconistas realizando o mesmo serviço devem ter isonomia salarial.
  O empresário não pode pagar mais para um funcionário mais experiente e eficiente sem correr o risco de receber um processo daquele que ganha menos.
 
  Se o funcionário que se destaca conseguir chegar a chefia pode ter até um alento, mas como não dá para todos serem chefes esse funcionário antigo e experiente está sem espaço na agenda de nossos departamentos de RH, não ganha nem uma placa de agradecimento, quando muito ganha retrato de funcionário do mês.
  Mas para gente que é pobre o importante mesmo é dinheiro ou algum premio interessante.
  Enfim.
  A loja de eletrônicos podia ter vendedores experientes, conhecedores do produto, mas sem reconhecimento nenhum, nem oportunidade de progresso, vão respirar outros ares... agora ele é inexperiente em outra loja vendendo um outro produto, isso se permaneceu no comércio e não foi para indústria ou serviços.

  Como resolver essa questão? NÃO SEI!
  Ou melhor, eu tenho sugestões, não sei como convencer as pessoas a adota-las.
  Se eu tivesse uma empresa de certo aplicaria uma diferenciação salarial ou alguma premiação interessante.
  As sugestões são até bem simples, o difícil é convencer as empresas, juízes e sindicatos, até os próprios trabalhadores.

    A Empresa deveria ter liberdade para pagar melhor quem faz o serviço com mais eficiência, reconhecer que este funcionário mais experiente deveria ser um modelo a ser perseguido pelos mais novos e dar incentivos para que ele se sinta fazendo parte da empresa e não apenas mais uma peça descartável.

  Já comentei em algum lugar que acho incrível como as Empresas fazem de tudo para conseguir novos clientes e não se preocupam muito em manter os que já tem.
  Para você adquirir a assinatura fazem um monte de promoções, depois só lembram de você se decidir cancelar assinatura pela insatisfação com o serviço prestado...

  Bons funcionários são difíceis de conseguir acho incrível que as empresas não se preocupem em mantê-los!

  De repente chega um diretor e diz:
 “Precisamos de sangue novo!”

  Nisso bons funcionários são colocados na rua e a qualidade dos produtos e serviços cai lá em baixo e só voltam a melhorar quando o “sangue novo” adquiri a experiência dos “sangues velhos” dispensados!

  Eu entendo que “se” é o caso de mudar a “cultura” da empresa ... funcionários antigos são em geral uma pedra no sapato.
  Mas em geral também são trabalhadores dedicados.
  Não gosto quando a “reengenharia” se limita a:
  "Mudar todos esses que estão aí"



  Acredito no diálogo, fazer uma reunião, deixar claro que o objetivo não é demitir, mas que essa é uma grande possibilidade caso o funcionário dificulte a nova direção.

    “O homem é feito visivelmente para pensar; é toda a sua dignidade e todo o seu mérito; e todo o seu dever é pensar bem.”

  Tornar nossas relações de trabalho uma guerra entre patrões e empregados sinaliza que não estamos pensando bem.

  Tenho esperança que isso mude.


Por princípio sou contra a isonomia salarial.
  Não somos iguais nem realizando as mesmas funções.
  Porém entendo a dificuldade em fazer diferenciações salariais para indivíduos que exercem a mesma função.”



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