quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Profissão Mendigo

  No HC da Unicamp há muitos mendigos profissionais.
  (Fevereiro de 2019)

  A Constituição de 1988 tirou da sociedade qualquer forma de controle sobre eles.
  Nos tornou reféns dessa situação de estelionato.
  Não estou pedindo a volta da criminalização da vadiagem ou da mendicância, mas alguma coisa precisa ser feita.

  Veja um caso entre tantos.

  Tem um pedinte famoso no HC, o chamamos de Mudinho.
  Estou na empresa há 8 anos, ele já frequentava quando cheguei.
  Passa nos locais de espera entregando um pequeno papel impresso dizendo da sua deficiência e pedindo ajuda financeira.

  Tem pessoas que dizem que já o ouviram falando, desconfia-se que nem mudo é, mas digamos que seja.

  O Mudinho é alto (1,80 aproximadamente), forte, saudável.
  Se ele é mudo mesmo não teria grande dificuldade para conseguir emprego.
  No comércio é complicado porque tem a necessidade de comunicação rápida, mas na indústria se o funcionário não falar é até melhor.
  Já operei muitas máquinas geralmente você não precisa ficar conversando.
  Como há lei que obriga a contratação de uma porcentagem de deficientes, um cara igual o Mudinho é objeto de desejo.
  A empresa cumpre a cota escapando de alguma multa e ainda contrata alguém com uma deficiência que não limita nada o desempenho.

  Entendem agora porque usei a palavra estelionato?

  “Em conformidade com o Código Penal brasileiro o estelionato é capitulado como crime contra o patrimônio, sendo definido como "obter, para si ou para outro, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento."

 

  O cidadão há mais de 8 anos consegue dinheiro passando as pessoas uma situação de miserabilidade que não se observa na pratica.
  Mas basta se dizer mendigo e ... tudo bem.
  Nas “sociedades modernas” mendicância não é infração penal, muito menos crime.

  A maioria das pessoas são “otárias(no sentido de ingênuas/tolas), vão abrindo a carteira por conta de qualquer historinha triste.
  Por isso a “profissão mendigo” é tão rentável no Brasil e no mundo.

  Porem tem as pessoas “indignadas”.
  Como se trata de um hospital, muitos pacientes passam meses, anos frequentando o local e percebem a atividade desses “mendigos profissionais”.

 Tem um cara que há 8 anos (só que eu sei) conta a historia que a esposa está com câncer “terminal” e ele tem 3 crianças “pequenas” para cuidar.
  Essas crianças já devem ser no  mínimo adolescentes...

  Tem outros que nesse mesmo período estão precisando "completar a passagem' para voltar para sua cidade ... 

  O fato é que pessoas indignadas com os “estelionatários” querem que a segurança faça alguma coisa.

  A boa pergunta é:

  O que é permitido fazer com mendigos?

  Chamar a polícia não adianta, não vem, não há legalmente absolutamente nada que o policial possa fazer.
  Se encostar a mão no pedinte ou mesmo falar de maneira mais dura o policial é que pode se dar muito mal, principalmente se tiver alguém filmando.

  Se nem a polícia investida do poder do Estado pode fazer alguma coisa imagine o segurança do hospital.

 😡 “As pessoas aqui no hospital estão em uma situação de fragilidade emocional, doentes ou com familiares doentes, e vocês ainda permitem que indivíduos se aproveitem dessa situação para extorquir!”

 

  Esse é um resumo do que já ouvi dezenas de vezes.
  Dá vontade de mandar a pessoa para os quintos dos infernos, mas eu respiro fundo, aciono algum segurança, ele conversa com o pedinte que se afasta por alguns minutos ... depois volta.
  Ninguém pode fazer nada com ele.
  O pedinte “faz o favor” de dar uma pausa.
  
  Ficamos assim.
  Brasileiros tornam a mendicância altamente lucrativa.
  Condenam qualquer ação que “fere a dignidade” do mendigo.
  E se espantam com o crescimento dessa atividade, creditam tudo a uma “injustiça social”.


  Quando acontece a necessidade de uma atitude mais firme (como conduzir o individuo para fora do local) as única imagens que aparecem é o segurança “agredindo” a pobre “vitima”.
  A pessoa está lá toda civilizada, de bem com a vida, tratando outros com respeito e amor, quando um troglodita segurança, do nada imobiliza ou arrasta a pessoa pra fora... todos acreditam nisso.
 
  Até as pessoas que pediram a intervenção da segurança não dão apoio.
  Elas chamaram só para “assustar” ou “dialogar”, em hipótese alguma pode se quer encostar no indivíduo.
  É aí que muitos "malandros" se aproveitam da situação e conseguem o que querem.
  É ai que tantos seguranças apenas fazem de conta que trabalham, se trabalharem de fato o risco é imenso.
  O resultado disso é que deveríamos tirar a palavra “ordem” da nossa bandeira.
  Aqui é um paraíso para ladrões e estelionatários.


 

 Pedintes fazem rodízio para abordar passageiros do metrô.

 


  Pedintes e ambulantes não respeitam os funcionários do metrô.
  Só saem das estações, ou respeitam minimamente as abordagens, quando aparecem seguranças.
 
  Folha UOL

 

  







 
 Nota: Em 2021 o acesso ao interior do Hospital foi tornado mais difícil.
  Foram colocadas catracas e a pessoa só entra se estiver com o papel de agendamento em mãos.
  Foi limitado a 1 acompanhante por paciente.
  Com um pouco de “ordem” a ocorrência de roubos e estelionatos diminuiu bastante.
  Acabar é difícil, esse pessoal é muito criativo e não tem muito a perder, a impunidade continua garantida.
                                               

 

 


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