segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Patrimônio não é Renda



 
 Como funciona a taxação de grandes fortunas em outros países?

  Discussão ganhou força no contexto da pandemia, mas não está nos planos do governo Bolsonaro

  Durante a pandemia dezenas de super ricos brasileiros aumentaram suas fortunas.

  A criação de um imposto sobre grandes fortunas (IGF) emergiu das sombras no contexto da pandemia do novo coronavírus, que vem deixando milhões de pessoas desempregadas e diminuindo drasticamente a capacidade de arrecadação dos governos, num ciclo vicioso que deve agravar ainda mais o drama social do país.
  A forma absurdamente desigual como a crise se abate sobre a sociedade brasileira ficou evidente em um recente relatório da organização Oxfam, divulgado no final do mês passado.

  O informe Quem paga a conta? mostra que, mesmo em plena pandemia, 73 bilionários da América Latina e do Caribe aumentaram suas fortunas em US$ 48,2 bilhões (equivalentes a cerca de R$ 268.624 bilhões) entre março e junho deste ano.
  Isso equivale a um terço do total de recursos previstos em pacotes de estímulos econômicos adotados por todos os países da região.
  O Brasil tem 42 desses bilionários que, juntos, tiveram suas fortunas aumentadas em US$ 34 bilhões (R$ 189.486 bilhões).

  Por outro lado, a Oxfam aponta que a perda de receita tributária para 2020 pode chegar a 2% do Produto Interno Bruto (PIB) da América Latina e Caribe, o que representa US$ 113 bilhões (R$ 629.761) a menos e equivale a 59% do investimento público em saúde em toda a região.
  Mesmo diante desse cenário, no Brasil os super ricos são os que menos pagam impostos.
  Para enfrentar essa injustiça, uma dezena de especialistas, sob a coordenação técnica do economista Eduardo Fagnani, elaborou um documento que reúne oito propostas de leis tributárias para isentar os mais pobres e as pequenas empresas e, ao mesmo tempo, gerar um acréscimo na arrecadação estimado em R$ 292 bilhões, com tributação incidindo sobre as altas rendas e o grande patrimônio, onerando apenas os 0,3% mais ricos.

"Não é socialismo"...

[Brasil de Fato Matéria Completa]







  Nesse pequeno trecho tem 3 coisas para meditarmos.

"Eduardo Fagnani, elaborou um documento que reúne oito propostas de leis tributárias para isentar os mais pobres e as pequenas empresas e, ao mesmo tempo, gerar um acréscimo na arrecadação estimado em R$ 292 bilhões, com tributação incidindo sobre as altas rendas e o grande patrimônio, onerando apenas os 0,3% mais ricos."



1 - Isentar os mais pobres e pequenas empresas.
  Soa bonito.
  Não conheço outros países vou escrever com base só no Brasil.
  De quais impostos os mais pobres serão isentos?
  Imposto de renda já não pagam.
  No Brasil tem muitos impostos e taxações embutidas, IPI, ICM ... como isentaríamos os mais pobres desse tipo de taxação?
  No supermercado teria o setor de pobres e não pobres?

  De qual nível de pobreza estamos falando?
  O muito pobre não tem casa ou mora em áreas invadidas que NÃO pagam taxas como IPTU por exemplo.
  O IPTU não é igual para todos, áreas mais valorizadas pagam mais.
  O endinheirado que mora em área nobre já paga mais impostos.

  Pequenas empresas também já tem grande redução e simplificação dos impostos.
  Vamos isentar completamente!?
 


 2 - Gerar um acréscimo na arrecadação estimado em R$ 292 bilhões.
  Como esse cálculo foi feito?  
  Já foi descontado a "suposta" isenção dos mais pobres?
  Explico.
  Pobres são muitos, eu sou pobre.
  Vamos usar o IPTU.
  Se isentarmos os bairros pobres de pagar IPTU (supondo que pobres morem neles, só para facilitar o raciocínio) vai haver perda de arrecadação.

  Quero dizer que pobres pagam valor nominal "baixo".
  Pequenas empresas pagam valor nominal baixo.
  Mas o número de pobres e pequenas empresas são altíssimos, lá na ponta o valor nominal é alto.
  Se o custo dessa isenção não foi levado em conta não podemos falar de "acréscimo" na arrecadação.

  Mas vamos supor que levaram isso em consideração, além do que já é arrecadado o Estado vai ter ganho de arrecadação.
  Então entramos na próxima meditação...



3 - Tributação incidindo sobre as altas rendas e o grande patrimônio.
  Para confundir o leigo, certos estudos sempre colocam renda e patrimônio como sendo a mesma coisa e não são.
  Vou dar um exemplo com valores bem baixos para que o maior número de pessoas consigam entender.

  Seu pai comprou um imóvel lá na década de 1970 em bairro afastado.
  Seu pai pobre, comprou um imóvel de acordo com a renda dele; só para colocar um valor vamos dizer 30 mil.
  Com muito sacrifício foi fazendo reformas, o imóvel ficou um "lar doce lar".
  O Bairro se desenvolveu e hoje o mesmo imóvel vale 600 mil.
  Seus pais faleceram, você herdou o imóvel.
  Casado, a esposa trabalha, tem dois filhos, renda familiar de 4 mil, tem um carro usado de 30mil.
  Com essa renda em São Paulo você é pobre.
  Mas seu patrimônio é de 630 Mil.
  As manchetes diriam:

 "Fulano tem mais de meio milhão de reais."


  Vejam que patrimônio é bem diferente de renda.

  Pode inclusive acontecer algo diferente.
  Você consegue bom emprego, ganha 8 mil, uma renda razoável, mas de família pobre ainda não constituiu patrimônio.

  Tem outra situação muito comum.
  Vira e mexe vemos empresas grandes e médias indo à falência.
  O patrimônio era enorme, mas não estava gerando renda, só prejuízo.

 
 O Grupo Abril tem novo dono. 
 O empresário Fábio Carvalho, dono da Calvary Investimentos, concluiu a compra das empresas da família Civita por um valor simbólico de R$ 100 mil.
  O grupo alega uma dívida de R$ 1,6 bilhão.  
  Desses, mais de R$ 1,1 bilhão tem como credores três bancos: Santander, Itaú e Bradesco. Esse montante já está sendo negociado.
  A dívida relativa a questões trabalhistas é de aproximadamente R$ 85 milhões.
  Com a justificativa do endividamento, o Grupo Abril pediu recuperação judicial em agosto de 2018 e anunciou a demissão de 804 trabalhadores. Segundo ex-funcionários, a empresa vinha fazendo cortes desde 2015, mas a dispensa em massa de jornalistas, gráficos, administrativos e distribuidores pegou os trabalhadores de surpresa.
[Brasil de Fato -  18 de Abril de 2019]


  A editora Abril deve ter grande patrimônio, mas faz tempo que deixou de ser um grande negócio imprimir revistas.
  Taxar a família Civita com base no patrimônio não tem a menor lógica.
  “Se” estiverem conseguindo pagar as taxas dos imóveis (nessa meditação estamos focando no IPTU) já é algo satisfatório socialmente.
  Se não terão que se desfazer de propriedades pra levantar algum capital.

  A grosso modo:

  Renda é seu ganho mensal.
  Patrimônio são os bens que você possui seja por herança ou esforço próprio.

  Então quando o texto coloca "onerando apenas os 0,3% mais ricos" é difícil precisar o peso dessa oneração e a quem vai atingir de fato.

  Por isso muito cuidado com essas "políticas Robin Hood".

  O “super rico” pode simplesmente fechar a empresa e viver do que acumulou em algum país que “não o odeie”.
  Milhares de pobres ficam sem emprego formal.

  O ideal é que todos paguem impostos para que todos paguem pouco, inclusive os ricos.

(Para os muito pobres, já temos programas sociais, que claro podem ser melhorados.)






  Para fazer o dinheiro circular na economia
seria mais interessante a participação nos lucros melhor organizada.
  O setor da economia que estivesse muito rentável (sempre tem) injetaria dinheiro na economia através de seus funcionários sem o Governo para cobrar sua “taxa de administração”.



















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