terça-feira, 31 de janeiro de 2023

Morte Assistida




  

   A lei de 2016 legalizou a morte assistida para canadenses com 18 anos ou mais com doença grave e irreversível, em que a morte é "razoavelmente prevista".
 
  Naquele primeiro ano, pouco mais de 1.000 pessoas se submeteram ao suicídio assistido, número que vem crescendo a cada ano. 
  Em 2021, os números mais recentes disponíveis, houve 10.064 óbitos que se enquadram nessa legislação, representando 3,3% de todas as mortes no Canadá.
 
  Pesquisas de opinião indicam que os canadenses apoiam amplamente o acesso a pelo menos alguma forma de suicídio assistido.
 
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 "Tornar a morte uma solução fácil demais prejudica as pessoas mais vulneráveis e, na verdade, isenta a sociedade de suas responsabilidades".
    Não acho que a morte deva ser a solução da sociedade para seus próprios fracassos."
     (Madeline Li - Médica canadense)

 
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  Fiquei maravilhado com essa matéria.
  Vivendo em uma cultura tão primitiva como a nossa o que acontece no Canadá nessa questão da morte assistida é um sonho.
  Já escrevi vários textos sobre esse assunto então vou comentar apenas dois tópicos mais provocativos.



   A médica Madeline diz  que algumas pessoas estão optando pela morte por dificuldades financeiras.

  Com a doença a renda cai, o padrão de vida o qual o paciente estava acostumado não tem como ser mantido.
  Ela defende que nós enquanto "sociedade" (Estado)  não estamos cumprindo com nossa responsabilidade.

                                              

  “Não acho que a morte deva ser a solução da sociedade para seus próprios fracassos."

  (Madeline)

 

  Vamos a exemplo prático.

  Um funcionário ou pequeno empresário tem renda mensal de 10 mil, vive de acordo com esse padrão.
  Contraiu doença incapacitante que só vai piorar com o tempo.
  Ele deixa de ser produtivo.

  Qual nossa responsabilidade enquanto sociedade!?

  No caso do funcionário obrigamos a empresa a manter seu salário com as devidas atualizações até seu último suspiro por aparelhos?

  Aqui cabe uma observação.
  Geralmente quando as pessoas pensam em empresa limitam suas mentes as grandes.
  Google, Apple, Samsung...
  O mundo não é assim e mesmo as grandes não estão imunes a grandes prejuízos e enceramento das atividades.
  Não faz muito tempo a Nokia era uma empresa poderosa.
  Hoje talvez minhas filhas nem saibam que essa empresa produzia celulares cobiçados.

  Pense numa empresa média que pague 10 mil a seu gerente de produção e tenha que continuar pagando indeterminadamente mesmo quando ele já não esteja mais trabalhando ... não tenho argumentos para defender isso.

  E no caso do paciente ser um pequeno empresário ou autônomo que não tem mais condições físicas de continuar sua atividade?

  Nós enquanto pagadores de impostos, temos que nos obrigar a assumir essa responsabilidade?
  Manter o padrão de vida da pessoa independente de qualquer coisa?

  Defendo que podemos aposentar o cidadão por invalidez e pagar até o teto do INSS de acordo com a faixa que ele se enquadra.
  Se isso não vai manter o padrão que ele está acostumado e é um motivo a mais para ele decidir pela morte assistida... considero tudo muito coerente, sensato, civilizado.

  Sou pobre, não consegui muita coisa na vida, mas moro em um lugar agradável.
  Se além da doença incapacitante ainda tivesse que voltar para as condições de moradia da minha infância e adolescência ...vem pra mim aniquilação...


  

  A parte de permitir a morte por psiquiatria é mais complicada
  É um debate tão avançado que nem eu cheguei a tanto.
  Não por ser radicalmente contra, mas porque se brasileiros não aceitam nem a eutanásia básica imaginem algo tão sofisticado.
  Vamos mergulhar nessa meditação altamente provocativa no próximo texto...

  ➽ Continuação






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