domingo, 23 de março de 2014

Provocar a própria Morte

   “O suicida não é covarde, apenas não encontrou outro modo pra matar uma dor que o matava todos os dias.”
  [Sean Wilhelm]

  Suicídio é um tema bem complexo.
  Pode ser “covardia”, para conquistar uma vida satisfatória (no sentido de suportável) a pessoa se depara com um desafio tão grande que assusta, é melhor desistir de tudo.

  Boa parte dos suicídios é por amor ou dinheiro.
  O indivíduo acredita que perdeu o grande amor da sua vida, se acovarda diante do desafio que será viver sem esse amor e prefere a morte.
  O indivíduo tinha um padrão razoável de vida, perde quase tudo, se acovarda diante do desafio de reconquistar o padrão perdido, prefere a morte.

  Porém, em geral NÃO vejo como covardia, é mais um cansaço da vida.
  Aliás é preciso muita coragem para se matar, o instinto de sobrevivência é muito forte.



  Minha provocação hoje é:

  Se o indivíduo pode evitar a morte, mas corre pra ela, é suicídio?
 (Tome cuidado com o que vai responder, qualquer pensamento pode ser usado contra sua crença.)

  Sócrates foi condenado a morte por ingestão de cicuta.

  Os delitos de Sócrates eram leves, as autoridades gregas tinham intenção apenas de cercear sua liberdade de expressão dando um susto nele com a possibilidade de prisão.
  Acredito que nem seu pior desafeto esperava que o julgamento terminasse com a pena de morte.
  Sócrates habilidoso na oratória que era poderia escapar facilmente, mas aparentemente CANSOU DE VIVER.

  Os delitos de Jesus eram leves, na pratica nunca falou diretamente contra o Império Romano.
  (Pelo menos nos registros bíblicos que temos.)
  Nem contra o pagamento de impostos ele se posicionou:

  “Dai a Cesar o que é de Cesar”.

  Os romanos permitiam liberdade religiosa, cada um adorava o deus que quisesse.
  Logo, Jesus se declarar filho do Deus dos Judeus, para Roma não significava grande coisa.
  Na Bíblia não tem nenhuma passagem de Jesus em ato de rebelião contra o império.
  As intrigas de sacerdotes judeus não eram suficientes para levar Jesus a algum julgamento.
  Então o que Jesus fez?
  Atacou fisicamente comerciantes nas proximidades do Templo.
  (Alguns dizem nas escadarias, de qualquer forma, não é dentro do Templo)
  Isso daria cadeia até hoje.
  Imagine que você chegue naquela feirinha perto de alguma igreja e literalmente chute as barracas.
  As pessoas pensam que os comerciantes estavam dentro do templo, mas não.
  O Templo atraia muitas pessoas como acontece com o Santuário de Aparecida (por exemplo) e naturalmente em volta surge um comércio.

  Jesus propositadamente cometeu um ato que obrigaria a justiça romana a alguma reação.
  Pilatos visivelmente não queria condena-lo a nada mais pesado, mas Jesus se recusou até em se defender.
  Jesus habilidoso que era na oratória poderia ter saído do julgamento com pena leve.
  Se não tivesse agredido comerciantes, nem a julgamento iria.

  Jesus podia evitar a morte, mas correu pra ela.

  Provocar a própria morte é suicídio?





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