segunda-feira, 2 de junho de 2014

Sobre Destino



  “Saudade do que poderia ter sido e não foi.”
      (Clarice Lispector)


  Acredito que esta frase provoque 90% das pessoas com alguns anos de vivência.

  Você casou com Daniela, mas e se tivesse casado com Damaris?

  Fez jornalismo, mas e se tivesse feito administração?

  Saiu da empresa X, e se tivesse ficado?

  Esqueceu de colocar camisinha, e se tivesse colocado?
  Não teria um filho😏, não teria AIDS 😓.

  Muitos se confortam pensando em um DESTINO:

“Aconteceu o que tinha que acontecer”.

  Até hoje flutuando pelo Abismo ainda não encontrei esse plano de pensamento onde o “destino” seja um imperativo.
 Por todas brechas que entrei em nenhuma delas foi possível descartar a possibilidade do Acaso, o que encontro são “estradas dos acontecimentos”.



  Uma ilustração mental.

  Saindo de Campinas para SP posso decidir entre Anhanguera ou Bandeirantes, mas uma vez dentro da rodovia certos acontecimentos estão DETERMINADOS.
  Vamos supor que eu escolha a Bandeirantes e sofra um acidente nessa rodovia, ali naquele momento difícil prensado nas ferragens eu posso acreditar que a Anhanguera teria sido uma escolha melhor, teria me proporcionado uma viagem tranquila então fico com saudades daquela viagem tranquila que NÃO chegou a acontecer.

  Vamos para outros 3 planos de pensamentos na mesma hipótese/ilustração



1- Estava determinado que eu escolheria a Bandeirantes, aconteceu o que tinha que acontecer ou eu estava realmente livre para escolher a Anhanguera?

2- O acidente já estava determinado, não importa por qual rodovia eu seguisse fatalmente ficaria prensado entre as ferragens.

3- A escolha foi ao acaso e o acidente foi ao acaso, se eu por qualquer motivo tivesse adiantado ou atrasado 5 minutos em qualquer lugar o acidente nem teria ocorrido.
 Escolher a Bandeirantes foi tão bom (ou mau) quanto teria sido seguir pela Anhanguera.



  Flutuando por esses planos me surgiu faz tempo o seguinte pensamento:

  A VIDA, NÓS PLANEJAMOS, MAS NÃO CONTROLAMOS.
   (William Robson)

  Observo que quando entramos em uma “estrada dos acontecimentos” certas circunstancias são inevitáveis, dá a sensação que já estavam escritas e talvez já estivessem mesmo.
  Na Filosofia Matemática admito a possibilidade de um destino, mas na pratica desprezo esta variável.

  O “É” aconteceu, está acontecendo EXIGE uma resposta.

  O “SE” não aconteceu, não dá para saber como seria caso acontecesse.

  Está complicado?

  Imagine a situação:
  Você foi demitido isso É um fato, exige uma linha de ação, não dá para você acordar no dia seguinte e ir trabalhar como se nada tivesse acontecido.
  Daí você pensa: “SE eu não tivesse sido demitido...”
  Não importa o que vem a seguir, o fato é que você foi demitido, qualquer coisa que se basear em você estar na empresa não acontecerá mais.

  Quero dizer que planejar bem a vida é a única opção lógica que temos, você quer permanecer no emprego então não dê motivos para ser demitido.
  Perder muito tempo pensando em um destino é só isso mesmo, perder tempo:
 “Fui mandado embora porque era meu destino”.

  Como você pode ter certeza que essa ocorrência não podia ter sido mudada se você agisse diferente!?



  Vejo muitas pessoas perdendo horas de seu dia com saudades de algo que não chegou a acontecer.

  Ficam horas falando que “quase” acertaram na loteria, quase casou com aquele homem, quase transou com aquela garota, quase conseguiu aquela vaga de emprego ...
  Se confortam colocando tudo por conta de um destino, “aconteceu o que tinha que acontecer”.

  Todo dia quando acordo tenho um dia muito bem planejado se algo diferente acontecer sempre espero que seja bom.
 Não fico pensando no mal, pois isso provoca um sofrimento antecipado.
  Se algo ruim acontecer não fico culpando um destino, afinal tudo pode não ter passado de um triste acaso.
   Ficar pensando no que poderia ter sido me fará perder tempo um tempo precioso que pode ser melhor utilizado para amenizar ou corrigir o mau momento que está acontecendo.

  Sei que quem me acompanha há algum tempo já está pensando em questionar a “Teoria dos Escolhidos”, mas lembrem-se que eu não descartei a existências de certas circunstancias inevitáveis quando entramos por certas estradas.


  Na Teoria dos Escolhidos nós entramos na observação do “tipo de estrada” que nos são oferecidas, as oportunidades que surgem em nossas vidas, a aparente proteção que recebemos (ou não) ... sei lá do que/quem.

  Já citei aqui o exemplo bíblico de Daniel, vamos relembrar?

 
 “Daniel na cova dos leões é o sexto capitulo do Livro de Daniel, no Antigo Testamento.
  O capítulo é uma narrativa de uma trama causada por oficiais do Império persa, no reinado de Dario, que por um decreto real, não era permitido a adoração a nenhum Deus, senão, somente ao rei.
  Quem desobedecesse este decreto seria jogada na cova dos leões.
 Daniel, mesmo amigo do rei Dario, é pego em oração ao Deus de Israel e jogado em uma cova com leões famintos, no entanto ele acaba escapando milagrosamente de ser devorado por estes leões.
(Wikipédia)

  Sabemos que muitos cristãos cheios de fé não foram poupados por Deus de serem devorados por leões.
  Como dizer que um indivíduo que não renega sua religião mesmo diante da morte falte Fé!?
    Daniel foi “escolhido” para ser salvo e teve seu nome escrito na história, os cristãos dizem que ele merece toda esta admiração, pois foi um homem cheio de fé.
  E os que morreram não foram!?
  Percebem?
  Trilhando o mesmo caminho/estrada, tendo a mesma imensa Fé, no mesmo Deus, dezenas de cristãos foram barbaramente devorados e o escolhido Daniel foi poupado.
  Foi lhe dada uma OPORTUNIDADE/PROTEÇÃO que foi negada a todos os outros.

  É senhoras e senhores, a vida a gente planeja mas não controla, sofremos INTERFERÊNCIAS as quais temos pouco controle.

  Espero do fundo de meu coração que você seja um escolhido como Daniel, quanto a mim…não tenho ilusões, a matemática é implacável, vou vivendo o melhor que posso, mas inevitavelmente serei devorado.
  Fico satisfeito por ter descoberto isso antes de chegar a uma idade avançada, não vou chorar por algum tempo perdido.
  Quando olho para trás sei o que vivi e não “quase vivi”.

  Seja você um felizardo Daniel, um cristão descartável ou uma criatura... procure planejar bem sua vida, é o melhor que tem a fazer, é o possível de ser feito.

 Se existe um destino…a Deus pertence e não temos como controlar a sua vontade, não temos como controlar individualmente as interferências.

  Coletivamente temos algum controle?

  Me parece que sim, mas vamos ficando por aqui.





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