domingo, 29 de maio de 2022

Round 6

  Algumas coisas que comovem as pessoas nos filmes em mim tem efeito contrário.
  Não me fazem simpatizar com o personagem, no mínimo me provocam tédio.

  Estava assistindo Round 6.
  Um participante contou sua história triste.


  Depois de trabalhar 10 anos em uma montadora de carros na Coreia do Sul, se disse "enganado" por ter sido demitido, a empresa fechou.
  Os funcionários entraram em confronto com a polícia por ocuparem o local, um colega morreu.

  O "sujeito induzido" é o "Capitalismo" demitindo trabalhadores, destruindo vidas...

  Caraca!
  Construir uma fábrica de carros requer investimento altíssimo.
  Sério que a montadora fechou só para sacanear os funcionários?!
  E os anos que o individuo teve emprego e renda satisfatória?
  Isso foi só esforço dele, não tem nada a ver com o "Capitalismo"...
                                               

  Não entendo essas pessoas que entram em uma empresa e se sentem seguras para sempre.

 

  Se é funcionário público no Brasil pôde até ser, mas em uma empresa privada, por mais sólida que pareça, é aconselhável não fazer essa aposta arriscada.

  Depois do serviço militar entrei em uma fábrica de óculos.
  Tudo parecia ir bem, recebi promoção, esperava poder trabalhar ali até me aposentar.
  Crescer junto com a empresa, ter uma estabilidade financeira satisfatória.

  Ainda assim me apressei em quitar um imóvel próprio.
  Caso acontecesse algum problema, pelo menos eu teria onde morar.
  Me preocuparia mais com comida e despesas do dia a dia.
  Mesmo com salário mais baixo daria para eu ir tocando a vida, melhor que acabar "debaixo da ponte".

                                             

  O personagem 456 foi funcionário da montadora por 10 anos.

 

  Eu fui funcionário da fabrica de óculos por 20.
  Fiquei tão ou mais frustrado com o fechamento da empresa que o 456 no filme.
  Mas ficar com raiva da empresa porque!?
  Claro que meu patrão queria continuar, mas a situação ficou insustentável.

                                            

  O 456 adquiriu um pequeno comércio, esperava crescer, porém por incompetência e/ou falta de sorte, aquilo levou o que tinha lhe restado de dinheiro e ainda "o endividou" com os Bancos.

 

  Eu adquiri um pequeno comércio, esperava crescer, porem por incompetência e/ou falta de sorte, aquilo consumiu todas as minhas economias.

  Se depois de dois anos, tentando de tudo, o negócio não dava certo ... seria ilógico recorrer a Bancos e "me endividar".
  Se um empreendimento esta dando certo a ponto de precisar ser ampliado rapidamente, faz sentido pedir empréstimo ao Banco.
  O negócio esta dando errado ... você vai se afundar mais ainda!?
  E a culpa é do "Governo", do "Capitalismo", do Banco!?

                                             

   O 456 culpa o "Sistema" por ter perdido sua esposa e filha.
   Ela casou com outro.
 
(O filme quer nos passar que esse cara que casou com a ex-esposa e trata bem a enteada é mais um vilão contra o pobre 456...)

 

  Apesar de estar moído por dentro, sempre tratei minha esposa e filhas com carinho e respeito.
  Seria ilógico descontar minhas dores nelas.
  Não sei em que isso iria melhorar a minha situação.
  Continuei fazendo tanto quanto possivel meu papel de "provedor".
  Em empregos que nem gosto de lembrar, conseguia fazer as compras do supermercado, pagar as contas do dia a dia ... ainda bem que tinha quitado o apartamento...
  Minha esposa continuou a me tratar com carinho e respeito, nosso casamento não acabou, continuei tão próximo as minhas filhas quanto sempre estive.

  Sem mais delongas.

  Simpatia com o personagem principal, nenhuma.
  Ele roubava dinheiro da mãe para apostar em cavalos.
  Na vida real acho isso abominável ... nos filmes também. 
  Se a mãe do 456 fosse terrível, eu daria mentalmente um desconto, mas pensa numa senhora encantadora com um filho problema.
  Lembrei da minha vó Timira.😥


  
  Entretanto, como entretenimento, a historia estava boa.
  Iria sinalizar como "gostei".
  Mas a partir do Round 4, comecei a acelerar varias vezes a reprodução.

  A insistência do diretor do filme em "me convencer" que o 456 era uma ótima pessoa, um herói, foi me irritando cada vez mais.

  Depois veio uma série de clichês contra a "sociedade moderna".

  Varias vezes é insinuado que "aqui fora" é pior que dentro do jogo.
  NÃO, não é.
  Historias tristes acontecem em todo lugar, mas não consta que a maioria da população da Coreia do Sul aceitasse participar de um jogo arriscando a vida por dinheiro.
  Nem no Brasil isso acontece.


  Tem o clichê de tratar pessoas muito ricas como as piores do mundo.
  Gente promiscua que mata pobres por diversão.

  Enfim, sempre mais do mesmo.

 😡 Precisamos destruir o "Governo", o "Sistema Capitalista", as "Pessoas Ricas", as "Religiões"...

  O individuo não se responsabiliza por nada, alguém lembrou do "vitimismo"?

  


 *O personagem me irrita mais ainda quando depois de ganhar uma enorme soma em dinheiro, deixa parada no Banco.
  Não aproveita a grana, nem ajuda as pessoas.
  O personagem consegue ser patético (na minha visão de vida) do começo ao fim.
  Deveria ter morrido...


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