quinta-feira, 4 de abril de 2024

Experiência Pessoal

 

  
 Quando escrevo que a maioria dos humanos é de qualidade moral satisfatória é comum insinuarem que estou falando de experiencias pessoais que não correspondem a realidade.
  Nessa meditação tentarei simplificar o raciocínio para que o leitor avalie se sua "experiência pessoal" é muito diferente da minha.

  Por pouco mais de dois anos tive um pequeno restaurante, foi uma das fases mais difíceis da minha vida, não gosto nem de lembrar, entretanto serve como ótimo exemplo.

  Algo básico que muitos não entendem, é que todo produto tem um custo.
  Se o restaurante te vende uma marmitex por dez reais, não são dez reais de lucro.
  Cada item na marmitex teve que ser comprado, inclusive a própria embalagem, a marmitex em si.
  Fora o arroz, o feijão, "a mistura"; tem o custo de água, eletricidade, salários, impostos …
  Vamos dizer que cada marmitex de dez reais o que tem de lucro liquido seja um real.
  Para cada marmitex vendida, o proprietário ganha um real para administrar a coisa toda.

 Suponhamos que foram vendidas dez marmitex, o lucro, "salário do proprietário" foi de dez reais.
 Houve o pedido de mais duas marmitex.
 O cliente que sempre compra foi assaltado na rua, algo inesperado, pegou a marmitex fiado, é certo que vai pagar no dia seguinte.
 Essa é nossa décima e primeira marmitex.

 Outro cliente que nunca esteve no local pegou a décima segunda marmitex, num movimento rápido saiu sem pagar.

  Vamos a analise numérica. 
  Vocês entendem que o roubo ou calote de uma única marmitex levou todo lucro das outras dez?
  Se o cliente que foi assaltado "esquecer de pagar" a sua divida, eu enquanto proprietário trabalhei pra caramba e ainda tive um prejuízo de dez reais.

  Fica claríssimo a importância de combater furtos e calotes, mesmo de pequena monta.

  Não estou falando em dar 1 ano de cadeia para quem roubou uma marmitex.
  Mas a investigação e punição deve acontecer, senão vira festa.
  Nesse tipo de debate falam muito em superlotação dos presídios.
  A solução é relativamente simples.
  Para delitos leves teríamos prisões de baixo custo.


  Uma sociedade que vê como normal pequenos furtos  e acha maneiro dar calotes … não pode esperar um ambiente bom para negócios.
  Com isso a maioria perde, só se dá bem pessoas com "caráter duvidosos"


  Vamos a análise moral.
  Dez clientes pagaram corretamente.
  O décimo e primeiro passou por algo inesperado que pode acontecer com qualquer um, nessa meditação vamos admitir que é uma pessoa honesta e no outro dia voltou para pagar a divida.

  Ficamos com apenas o décimo e segundo cliente como sendo um "humano problema".

  Moralmente não tem lógica eu maldizer toda humanidade porque um em doze agiu de forma desonesta.

  Porém, é o que mais vejo.
  A "demonização da humanidade".
  Um homem agrediu a esposa, nenhum homem presta.
  Uma mulher traiu o marido, nenhuma mulher presta.
  Um policial agiu de forma indevida, toda a policia é  corrupta e bandida.
  O politico X desviou milhões, o alfabeto todo de políticos não presta.

   Assim como um único cliente desonesto afetou drasticamente a dinâmica da empresa, nossa tolerância com os delitos torna nossa sociedade ineficiente.
  Daí a sensação geral é de muita injustiça, sensação do mal predominar.
  No entanto fica fácil  perceber que a maioria é boa.
  O que é ilógico é nossa tolerância com a falta de ética.
 
  A lógica é o inicio da sabedoria.
  Se mais pessoas buscarem o "bom senso" uma nova era pode começar ...
  Amém?



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