segunda-feira, 13 de outubro de 2025

Paulo Gonet

 





 


 


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   O Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, acaba de dizer que só a PGR pode pedir o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal. 

   É o golpe de luva branca mais eficiente que o sistema poderia arquitetar, aquele que não precisa de tanques nas ruas, apenas de uma caneta e um parecer “técnico”.

 

  Pela lei que ainda está em vigor, a Lei nº 1.079, de 1950, qualquer cidadão tem o direito de denunciar um ministro do STF por crime de responsabilidade.

   É um lembrete de que o poder emana do povo e não de corporações togadas. 

  Mas Gonet quer apagar esse trecho da história.    

  Quer que esse poder pertença exclusivamente à Procuradoria-Geral da República, e, portanto, ao próprio sistema que deveria ser fiscalizado.

 

  A justificativa soa sofisticada: ele diz que a Constituição de 1988 teria “superado” a lei de 1950, e que a denúncia caberia apenas à PGR, por ser o órgão responsável por promover ações contra autoridades. 

  Mas essa leitura é um truque de ilusionismo jurídico.  

  A Constituição nunca revogou a lei. 

  O artigo 52, inciso II, deixa claro que o Senado processa e julga ministros do Supremo, mas não diz quem pode denunciar. 

  E, quando a Carta Magna se cala, vale o que está na lei. 

  Ou seja: o direito do cidadão permanece. 

  Gonet tenta criar, por interpretação, o que não existe por norma, e isso tem nome: usurpação da vontade do constituinte.


   Se essa tese prosperar, a blindagem será total. 

   O cidadão não poderá mais denunciar. 

   O Senado, onde a maioria dos membros tem pendências no próprio STF, continuará engavetando tudo o que incomoda os ministros. 

  E a PGR, chefiada por alguém indicado pelo presidente, passa a ser o novo guardião da impunidade, aquele que decide o que vive e o que morre na gaveta. 

  É o sistema fechando o último cadeado da cidadania.

 

  Pense na ironia: um Supremo que julga seus próprios amigos, um Senado que deve favores ao Supremo, e agora uma PGR que se oferece para trancar a porta antes mesmo de o povo bater. 

  O cidadão fica do lado de fora, olhando um Estado que virou condomínio fechado, cada poder protegendo o outro, enquanto todos fingem que ainda vivemos numa República.

 

  Essa é a erosão silenciosa da democracia: não precisa de censura explícita nem de intervenção militar. 

  Basta reinterpretar as leis até que o povo deixe de ter qualquer poder real. 

  O que Gonet propõe não é uma tese jurídica, é um ato de exclusão política do cidadão. 

  Uma tentativa de institucionalizar a impotência.


 

 

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SANTO AGOSTINHO: "Sem justiça, o que são os reinos senão grandes bandos de ladrões?"
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William: Se juízes fazem a própria vontade independente do que foi votado no Legislativo, temos o Brasil 😢
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https://filosofiamatematicablogger.blogspot.com/2025/10/paulo-gonet.html

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