segunda-feira, 5 de maio de 2014

Falar Sozinho

“Escrevo para não falar sozinho!”
[Cazuza]
 

  Imagine que assim que aprendeu a ler ficou “viciado” em ciência e filosofia.
  Aconteceu comigo.
  Qualquer livro que detalha-se o funcionamento de qualquer coisa me interessava, não conseguia parar de ler.
  A ciência era basicamente o funcionamento das coisas.
  A filosofia era basicamente o funcionamento das pessoas.

  Minha imersão era quase que total, tudo sumia a minha volta, era eu e o livro, eu e o “conhecimento”.

  É como se as teorias e leis cientificas aparecessem na minha frente, nunca foi um processo de simples aceitação, era a busca do entendimento.
  Não me bastava Albert Einstein (ou qualquer outro famoso) ter formulado uma teoria, me importava compreender do que se tratava, verificar se concordava ou não.

  Com a Filosofia a imersão era ainda maior, pelo motivo obvio que a vida e as pessoas são muito mais complexas.
  Exemplo:
  Eu me interesso pelo alumínio.
  Fico conhecendo sua história, o processo de fabricação, características.
  É tranquilo, um método cientifico previsível “entendível”.

  Eu quero entender as escolhas da minha mãe ... complicado.
  O que uma mulher procura em um homem?
  Porque um homem se apaixona por outro homem?
  Porque pessoas seguem cegamente um líder?
  Ser ou não ser (espirito) eis a questão.
  Na sociedade política é fundamental, porque tantos simplesmente a detestam!?

  Vejam que entender o alumínio nunca pareceu tão fácil. 😊

  Ao ler “grandes pensadores” era como se estivessem na minha frente, eu os interrogando, trocando ideias.
  Qual a opinião dele(a) sobre amor, esperança, trabalho, fé, economia, politica, sexo, casamento, família...
  De posse da biografia comparava o que falavam com suas atitudes.

  A grande maioria já morreu então chamo de meus amigos mortos.
  De certo (sobre problemas existenciais/comportamentais) conversei mais com eles do que com vivos.
  (A Internet é uma ferramenta recente.)
  É difícil falar de Platão, Benjamin Franklin, Confúcio, Sócrates, Blaise Pascal ... com pessoas do seu cotidiano.



  É assim os textos gritam para serem escritos.
  Eu busco o silêncio porque mesmo estando sozinho o barulho é imenso.
  Tudo me provoca meditação.

  Vejo uma situação, o lado cientifico geralmente é tranquilo, mas lembro de alguma coisa que alguém escreveu isso dá um start nos meus próprios pensamentos tudo alcança uma tal intensidade que ... escrevo para não falar sozinho.

    Me vendo sentado sozinho um colega perguntou:

  👨 “Você está sempre sozinho, não tem amigos?”

   - Meus amigos estão mortos, converso com eles.

  👨 “Kkkkk, você e suas piadas.”

    - É, eu e minhas piadas...

  Mas escrever nem sempre é suficiente, por vezes me pego e me pegam falando sozinho então finjo que estou cantando, o difícil é explicar os gestos, que dança estranha!


  “E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música.”
 [Friedrich Nietzsche]






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