"A gente escreveu tanta
coisa, então é cobrado sempre pelo que escreveu.”
[Fernando Henrique]
[Fernando Henrique]
José Paulo Kupfer: Por que o senhor mandou esquecer tudo que o senhor
tinha escrito?
Fernando Henrique
Cardoso: Essa frase eu nunca disse, perdão, essa frase eu
nunca disse.
José Paulo Kupfer: Então é um bom momento para [desmentir].
Fernando Henrique
Cardoso: Mas eu já disse um milhão de vezes que eu nunca
disse isso. Já escrevi que eu nunca disse isso e desafio quem diga a quem eu
disse isso, quando e como. Nunca disse, isso é um absurdo.
Heródoto Barbeiro: Mas, senador, é bom o senhor repetir porque tem
perguntas nesse sentido. O senhor Luis Carlos Simões, do Itaim, fez exatamente
essa pergunta. Foi até bom o senhor repetir para que as pessoas...
Fernando Henrique
Cardoso: Então eu repito: esta frase: “Esqueçam tudo o que
eu escrevi” é simplesmente... isso é o papel da infâmia na política, é uma
infâmia. A quem eu disse isso? Quando? Já perguntei sempre: em que
circunstâncias? Nunca disse, nunca disse, [mas] repetem, repetem. Aí é a
técnica do [líder nazista Joseph] Goebbels [1897-1945]: repete, repete até
parecer que é verdade.
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Eu aceito
que as pessoas mudem de opinião porque eu mudo de opinião.
Nunca fiz
segredo que votei em Lula no primeiro mandato.
Um dos meus
grandes arrependimentos em votações foi votar em Francisco Amaral, um péssimo
prefeito para Campinas.
Se FHC
mudou de opinião sobre coisas que escreveu, não vejo isso como algo terrível.
Quero dizer
que mesmo que ele tivesse dito para esquecerem tudo que ele já havia escrito no
sentido dele ter mudado de opinião seria aceitável.
Eu tinha
uma visão do Cristianismo hoje tenho outra.
Eu tinha
uma visão do Socialismo hoje tenho outra.
Acredito
que minhas opiniões atuais estão estruturadas em argumentações de muito melhor qualidade, nesse sentido... “esqueçam tudo que escrevi”.
Eu sou o
que penso agora.
Fernando Mitre: É claro, mas
eu queria lhe fazer uma pergunta que é a seguinte.
O Plano
Real é evidentemente o maior estímulo da sua campanha, isso é óbvio; ele está
indo bem, mas ele corre riscos. Amanhã, por exemplo, é um dia que pode ser
difícil para o Plano Real.
O
presidente Itamar convocou uma reunião onde ele deve decidir sobre essa questão
do aumento do funcionalismo, incluindo os militares, aumentos que, diga-se de
passagem, são muito justos, eles ganham muito mal e precisam mesmo desse
dinheiro. Só que parece que não há esse dinheiro para dar para eles. O
presidente Itamar está tendente a concordar com a reivindicação, que, como eu
disse, é justa. Mas, se o senhor fosse ministro da Fazenda, que conselho o
senhor daria ao presidente Itamar nessa reunião de amanhã?
Fernando Henrique
Cardoso: A mesma
coisa que eu fiz sempre e que o ministro [da Fazenda Rubens] Ricupero está
fazendo: não pode haver aumento que não seja em função de uma receita.
Isso porque, se não tiver receita, não deu aumento, todos se enganaram, porque isso vai ter uma pressão inflacionária e esse aumento é fictício, porque vai desaparecer pela pressão inflacionária.
Isso porque, se não tiver receita, não deu aumento, todos se enganaram, porque isso vai ter uma pressão inflacionária e esse aumento é fictício, porque vai desaparecer pela pressão inflacionária.
Uma grande
injustiça que fazem com o Governo FHC é a de insinuar que ele não mandava
verbas porque não queria.
Ele estava
arrumando a casa, nossas reservas cambiais não eram tão grandes, o mundo não
estava com a abundância de capital que foi de 2000 até 2008.
O Lula
pegou uma fase de crescimento mundial muito grande e soube aproveitar bem
pouco.
Se fosse um
FHC [não ele, mas alguém tão competente quanto] provavelmente estaríamos muito melhores, uma economia muito mais eficiente,
o famoso crescimento sustentável.
Não se
esqueçam que quem criou o Bolsa Escola foi o governo FHC.
Esse foi um
dos programas que mais beneficiou as famílias mais carentes depois o PT mudou
de nome e disse que era dele.
Eu nem sei
porque TROCAR O NOME de um programa que já existia é mais importante que ter o
colocado em pratica, quem me explica:
“O Bolsa Escola, o Auxílio Gás, o Bolsa
Alimentação e o Cartão Alimentação.
A então primeira-dama do Governo FHC, D. Ruth
Cardoso, impulsionou a unificação dos programas de transferência de renda e de
combate à fome no país.”
Como podem
ver Lula se apropriou de um projeto que já estava em andamento, apenas mudou o
nome.
Se Serra
fosse eleito acabaria com o projeto iniciado por FHC?
Duvido
muito, se nem o Lula acabou.
Esses benefícios no Governo FHC beneficiavam
5 milhões de famílias.
Hoje deve
beneficiar uns 11 milhões.
Em 12 anos
de governo o PT pouco mais que dobrou o número famílias beneficiadas.
Isso é bom?
Isso é mau?
O projeto do PT era o Fome Zero
que nem sei que fim levou ou quando funcionou.