segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Pressão da Eficiência

 
 



  “Acostumei-me tanto à melancolia que a cumprimento como uma velha amiga.”

 (Charles Bukowski)


 





  Melancolia é um termo muito forte, sinônimo de depressão.

  Na frase em destaque a palavra tristeza ficaria melhor, mas se o autor colocou melancolia ... vou aceitar essa provocação.

  “Nesse texto” vou usar um conceito atenuado.


 

MELANCOLIA:  Tristeza vaga e indefinida caracterizada por um desencanto geral.

  Você quer se animar com alguma coisa, mas nem sabe o que seria essa coisa e/ou ela é intangível no momento.

  Quer estar com alguma pessoa (paixão), mas ela não é acessível a você.

  Quer ganhar uma grande soma em dinheiro, mas isso não surge do nada.

  Quer se curar de uma dor, doença, mas isso não acontece por encanto.

  Está tudo razoavelmente bem, mas você sente um tédio que te faz se sentir até mesquinho diante de pessoas que tem problemas graves financeiros, de relacionamentos ou de saúde.


  


  A tristeza comumente aparece de um sentimento de falta de adaptação, uma pressão interna ou externa.

  Nos sentimos pressionadas quando temos alguma deficiência. ​​
  Quando ficamos para trás em alguma atividade que gostaríamos de ir bem.
   

  Vou meditar sobre uma pressão especifica, uma que poucos percebem, é muito difícil de lidar, a “pressão da eficiência”.

  Minha primeira escola foi fraca e quando fui “transferido” (minha família foi despejada da Vila Boa Vista) para uma escola mais forte (ainda na primeira série) eu era o burro da classe, foi uma experiência bem ruim, mas pulemos essa fase, fica pra outra oportunidade.
  Ela se encaixa na primeira parte do texto:

  “Nos sentimos pressionadas quando temos alguma deficiência.
  Quando ficamos para trás em alguma atividade que gostaríamos de ir bem.”




  Na quinta série eu estava entre os melhores.
  Minhas notas eram altas, pensei que tudo ficaria bem, mas a pressão só fez aumentar, todos sempre esperavam a melhor nota.

  A gota d’água foi quando tirei um B+ e fui alvo de chacota!!!!

  Um aluno “fraco” tirou A, foi a única nota máxima da classe e não era a minha.
  A "ironia" é que ele colou tudo de mim, em um momento de distração (ele me distraiu) marquei uma alternativa por engano que me custou meio ponto.
  Milhões de coisas passaram pela minha cabeça, mas a que se destacou foi que aquela “neurose” não podia continuar.
  Estudar tinha deixado de ser um prazer ou uma necessidade, passou a ser uma competição irracional, “ninguém podia ser melhor que eu, é isso que TODOS a minha volta esperam.”

  Nas minhas meditações percebi que uma das portas para a utilização das drogas é esta necessidade de “superação”, ser o que o grupo espera que você seja.

  No grupo, na balada, você tem que ser “alto astral”, cheio de energia é isso que o grupo espera de você, de cara limpa você é bem careta, mas com umas cervejas…

  (Aviso:  Hoje não estou “alto astral” o texto pode ficar melancólico.)

  Não tenho o hábito de usar drogas para levantar o astral e não gosto de contaminar outros com meus sentimentos de melancolia.

  “Não podemos escolher o que sentir, mas podemos escolher como agir.”

  Eu não deveria avisar que estou melancólico?
  Não era o que você esperava?


  “Nas minhas meditações percebi que uma das portas para a utilização das drogas é esta necessidade de superação, ser o que o grupo espera que você seja.”


  A melancolia por vezes aparece na minha vida, as vezes tem motivo outras vezes não.

  Eu deveria “superar” esse sentimento, correr como todos em busca da felicidade, pelo menos fingir alegria?

  Talvez você esteja certo, mas não sou o que todos esperam, sou só William quando estou triste e melancólico ... estou triste e melancólico consigo conviver com isso sem usar drogas ou me iludir com ideologias fantasiosas.
  Assim como a tristeza chegou ela vai embora.

  Você ainda insiste na necessidade de superação!?
  Tudo bem.
  Eu superei a necessidade ser bom em tudo e agradar a todos.



   “A melancolia traz uma indiferença que me deixa feliz: falo menos, por não ter vontade de falar e ouço mais sem me importar com o que está sendo dito.”
  (Constantino Amâncio)


  “A melancolia traz uma indiferença que me deixa tranquilo.
   Falo menos, por não ter vontade de falar, ouço mais sem me importar com o que está sendo dito.
  Uma exótica SERENIDADE.”
  (William Robson)











   
Comigo, na maior parte da minha vida escolar, foi tranquilo esse momento.

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