“Acostumei-me tanto à melancolia que a cumprimento como uma velha amiga.”
(Charles Bukowski)
Melancolia é um termo muito
forte, sinônimo de depressão.
Na frase em
destaque a palavra tristeza ficaria melhor, mas se o autor colocou melancolia ...
vou aceitar essa provocação.
“Nesse texto” vou
usar um conceito atenuado.
MELANCOLIA: Tristeza vaga e indefinida caracterizada por um desencanto geral.
Você quer se animar com alguma coisa, mas nem sabe o que seria essa coisa e/ou ela é intangível no momento.
Quer estar com alguma pessoa (paixão), mas ela não é acessível a você.
Quer ganhar uma grande soma em dinheiro, mas isso não surge do nada.
Quer se curar de uma dor, doença, mas isso não acontece por encanto.
Está tudo razoavelmente bem, mas você sente um tédio que te faz se sentir até mesquinho diante de pessoas que tem problemas graves financeiros, de relacionamentos ou de saúde.
A
tristeza comumente aparece de um sentimento de falta de adaptação, uma pressão
interna ou externa.
Nos sentimos
pressionadas quando temos alguma deficiência.
Quando ficamos
para trás em alguma atividade que gostaríamos de ir bem.
Vou meditar sobre uma pressão especifica, uma que poucos percebem, é
muito difícil de lidar, a “pressão da eficiência”.
Minha primeira
escola foi fraca e quando fui “transferido” (minha família foi
despejada da Vila Boa Vista) para uma escola mais forte (ainda na primeira
série) eu era o burro da classe, foi uma experiência bem ruim, mas pulemos essa
fase, fica pra outra oportunidade.
Ela se encaixa na
primeira parte do texto:
“Nos
sentimos pressionadas quando temos alguma deficiência.
Quando ficamos para trás em alguma atividade que gostaríamos de ir bem.”
Na quinta série eu estava entre os melhores.
Minhas notas eram
altas, pensei que tudo ficaria bem, mas a pressão só fez aumentar, todos sempre
esperavam a melhor nota.
A gota d’água foi
quando tirei um B+ e fui alvo de chacota!!!!
Um aluno “fraco”
tirou A, foi a única nota máxima da classe e não era a minha.
A "ironia" é que
ele colou tudo de mim, em um momento de distração (ele me distraiu) marquei
uma alternativa por engano que me custou meio ponto.
Milhões de coisas
passaram pela minha cabeça, mas a que se destacou foi que aquela “neurose” não podia
continuar.
Estudar tinha deixado de ser um prazer ou uma
necessidade, passou a ser uma competição irracional, “ninguém podia ser melhor
que eu, é isso que TODOS a minha volta esperam.”
Nas minhas meditações percebi
que uma das portas para a utilização das drogas é esta necessidade de “superação”,
ser o que o grupo espera que você seja.
No grupo, na
balada, você tem que ser “alto astral”, cheio de energia é isso que o grupo
espera de você, de cara limpa você é bem careta, mas com umas cervejas…
(Aviso: Hoje não estou “alto
astral” o texto pode ficar melancólico.)
Não tenho o hábito
de usar drogas para levantar o astral e não gosto de contaminar outros com meus
sentimentos de melancolia.
“Não podemos escolher o que sentir, mas
podemos escolher como agir.”
Eu não deveria
avisar que estou melancólico?
Não era o que
você esperava?
“Nas minhas meditações percebi que uma das portas para a utilização das
drogas é esta necessidade de superação, ser o que o grupo espera que você
seja.”
A melancolia por
vezes aparece na minha vida, as vezes tem motivo outras vezes não.
Eu deveria
“superar” esse sentimento, correr como todos em busca da felicidade, pelo menos
fingir alegria?
Talvez você
esteja certo, mas não sou o que todos esperam, sou só William quando estou
triste e melancólico ... estou triste e melancólico consigo conviver com isso sem usar drogas ou me
iludir com ideologias fantasiosas.
Assim como a tristeza chegou ela vai embora.
Você ainda insiste
na necessidade de superação!?
Tudo bem.
Eu superei a
necessidade ser bom em tudo e agradar a todos.
“A melancolia traz uma
indiferença que me deixa feliz: falo menos, por não ter vontade de falar e ouço
mais sem me importar com o que está sendo dito.”
(Constantino Amâncio)
“A melancolia traz uma indiferença que me
deixa tranquilo.
Falo menos, por não ter vontade de falar, ouço
mais sem me importar com o que está sendo dito.
Uma exótica SERENIDADE.”
(William Robson)
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