A voz do povo é a voz de Deus?
Em uma entrevista Marcelo Tass disse que queria fechar todas as escolas e reabri-las como um espaço público cheio de computadores com banda larga de altíssima velocidade.
Disse também que a escola tem o mesmo formato
há séculos e isso precisaria ser urgentemente mudado.
Em uma entrevista Marcelo Tass disse que queria fechar todas as escolas e reabri-las como um espaço público cheio de computadores com banda larga de altíssima velocidade.
Não sei a posição
ideológica de Tass, mas notei que pensadores socialistas tem uma certa fixação
por revolução “mudar tudo isso que está aí.”
Capitalistas
preferem evolução, sempre que possível ir fazendo melhorias ao que já está aí.
Claro que sou a favor de mudanças, mas só
quando surge uma ideia que pareça ser mais eficiente, mudar alguma coisa só
porque é antiga não tem lógica.
Talvez no futuro inventem uma máquina que nos
dê mais prazer sexual que o sexo oposto, mas a “verdade do momento” é que
transar com uma mulher é muito mais satisfatório por mais antigo que isso seja.
Talvez no futuro
inventem implantes eletrônicos onde apenas conectemos nossas crianças em um pen
drive e o conhecimento seja introduzido instantaneamente, mas no presente um
bom profissional do ensino, um bom professor é o que temos
de mais eficiente por mais antigo que isso seja.
A idéia do Tass
sobre espaço público pode inclusive ser testada já, mas não vamos usar nossas
crianças como cobaias.
Vamos tirar todos
os seguranças e toda administração do Metrô, deixemos aquele espaço público
livre para a “santa população” o “santo povo”, a “sabedoria popular” fará o
melhor uso do espaço, viva a revolução, abaixo o Governo!
Anarquistas
graças a deus.
Perceberam?
Na cabeça do Tass
o “povo”, a massa, é uma entidade quase sagrada, a voz de Deus.
Isso explica em
parte porque Marcelo Tass é uma celebridade e eu um Zé Ruela.
Tass
fala o que o povo quer ouvir.
Para eu a massa é
medíocre.
Uma escola com
ótimos computadores deixada a própria sorte, aberta ao povo seria um grande
desperdício de excelentes maquinas e faria muito pouco pela qualidade de nossa
educação.
Não sei na cidade
do Tass, mas aqui em Campinas espaços públicos deixados à própria sorte são
tomados por drogados e marginais.
Além do mais se a
massa é tão sabia cadê sua sabedoria para eleger bons políticos?
Se os políticos
são nosso grande problema e são eleitos pelo maravilhoso povo então o povo não
é tão maravilhoso ou a qualidade do povo é nosso problema, afinal os políticos
são tão brasileiros quanto eu, você ou o Tass.
Gostaria de fazer
uma pergunta ao Tass:
Temos políticos medíocres porque votamos em políticos medíocres ou
votamos em políticos medíocres porque somos medíocres?
Não tem formula mágica
para diminuir a mediocridade, o primeiro passo é se reconhecer medíocre e
buscar uma evolução.
Enquanto nosso
povo “sagrado e puro” se colocar como vítima de um governo que ele mesmo elegeu
fica difícil dar um passo além.
Idéias como a do
Marcelo Tass convencem o povo sobre sua santidade, uma santidade que não é
observável.
Mas quem ouviria
um Zé Ruela que defende uma escola mais rígida e mais disciplinadora com
professores profissionais em transmitir conhecimentos cientifico e que não
tomassem como missão tornar minha filha uma “pessoa melhor”.
Na matemática da
vida um povo santo elegeria um governo santo, mas quem liga para a ciência,
quem liga para matemática, quem liga para lógica…
Viva lá revolucion!
.