“O casamento deve
combater incessantemente um monstro que devora tudo: o hábito.”
[Balzac]
Não sei porque
tantos pensadores criaram esse PADRÃO para o casamento, essa verdadeira tirania
do novo, do diferente.
Acho injusto cobrar de minha esposa que cada
dia ela seja uma mulher diferente e sempre para melhor.
Diante desse
pensamento de Balzac tantos textos gritam para sair que minha mente parece um
salão de gafieira.
Nesse momento vamos
ao que gritou mais alto em minha mente...
NÃO GOSTO DE DIZER
ADEUS.
A primeira vez
que me deparei com este sentimento foi no final da oitava série.
Eu sairia do Geny
Rodriguez e iria para o Vitor Meirelles.
Era para ser um
momento de grande alegria, passei de ano com boas notas, era o último dia de
aula entravamos em férias, todos os alunos levantaram eufóricos de suas
cadeiras e era o que eu também deveria fazer, este é o “padrão” ... mas que
droga!
Eu não entraria
mais no Geny como aluno. 😩
Aquelas memórias de
8 anos passavam em minha cabeça como um filme bom que eu não queria que
acabasse.
Era hora de dizer
adeus.
Da minha cadeira
até o portão envelheci 80 anos pensando nos 8 que se passaram.
Que dor!
Uma página da
minha vida estava sendo virada, mas era como se estivesse sendo arrancada, pois
jamais voltaria ao Geny como aluno...
Até hoje não gosto de dizer Adeus, saio meio
que escondido dos lugares, ainda não aprendi a suportar essa dor de ter as
páginas de minha vida arrancadas.
Gosto da minha esposa como está.
Claro que pela
minha vontade ela ficaria tal qual “quando
a conheci.”
Acontece que o
tempo passa para todo mundo.
Passou para mim também.
Não sou mais o
mesmo, minha juventude está sendo arrancada de mim.
Aceito o hábito/rotina
no casamento até porque não tem como ser diferente.
Já me habituei a
dividir com a Mara o trato das crianças.
Minha esposa não
é parte da casa, a casa faz parte dela.
Meu inimigo não é
o hábito de estar perto dela, gosto do hábito, gosto da rotina, não há o que
ser combatido.
Não gosto de
pensar que um dia minha esposa será arrancada de mim, um dia todos seremos
inexoravelmente devorados, arrancados da vida, isto sim é meio que monstruoso,
ainda mais se tiver um inferno no porvir (segundo algumas lendas) e não um
abençoado esquecimento.
Bom mesmo seria
se reencontrássemos todas nossas páginas arrancadas organizadas em um belo
livro, tão bonito quanto esperamos que a vida seja.
Eu, minha esposa,
nosso casamento, você leitor, todos nós seremos devorados pelo tempo,
decifremos os enigmas ou não.
Decifrar enigmas
é bom, nos ajuda a enganar o tempo não transformando o agradável hábito de
estar juntos em um culto ao sofrimento.
O HÁBITO nos dá
esta sensação de segurança, como se nosso pai, nossa mãe, nossos filhos, nossos
amigos SEMPRE estarão conosco.
O ADEUS nos
mostra que a vida segue seu caminho e que fomos alegres na rotina, nem sempre o
novo traz coisas melhores do que já temos ou tivemos.
Não
tenha tanta ansiedade pelo novo, pelo diferente, cuide das páginas de sua vida
que ainda não foram arrancadas…
CARPE
DIEM!
Geny Rodriguez
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