sábado, 7 de dezembro de 2013

Pergunte Antes

   “Não faças aos outros aquilo que gostarias que te fizessem a ti.
   Os seus gostos podem ser diferentes dos teus.”
    [Bernard Shaw] ​​

  Não gosto de cafuné.
  (Carícia com a ponta dos dedos no couro cabeludo/cabelo de outrem.)
  Se eu estiver calmo fico irritado se já estiver irritado me dá vontade de segurar a mão da pessoa.
  Há muita gente que adora esse tipo de carinho, ficam relaxadas, sentem bastante prazer.

  Um grande problema com muitas pessoas é se acharem a medida de todas as coisas.

  Se oram a Alá, quem não ora a Alá tem algum problema.
  Se elas gostam de samba quem não gosta de samba bom sujeito não é.
  Se gostam de cafuné, todos gostam.

 Não entendo bem porque uns não perguntam mais aos outros do que eles realmente gostam, também não entendo porque não são mais sinceros na resposta quando perguntados.

   No meu atual emprego conheci pessoas muito legais, sempre me ofereciam petiscos, mas desde o começo disse que não sinto prazer em comer fora dos meus horários pré estabelecidos.
  Acredito que ninguém ficou magoado comigo, continuam me tratando bem só não me oferecem petiscos.
  Que lógica teria eu mentir para ser mais agradável?
  Que lógica teria eles me discriminarem por não gostar de petiscar?
  Sobra mais para eles. 😊
  Isso me torna um cara mais chato, mas a chatice me é mais aceitável que a falsidade.
  E menos desagradável que me obrigar a fazer uma coisa que não sinto prazer nem necessidade.

  Observo que as mulheres diminuem a satisfação sexual devido a essa falta de sinceridade.
  A mulher não gosta de um determinado carinho, mas não diz nada, espera que o parceiro “adivinhe” ou fica conformada.

  Um cafuné pode excitar muito uma mulher e acabar com o tesão da outra. 
  Não entendo porque não é “romântico” ser sincera e dizer se gosta ou não gosta de um tipo de caricia!

  Lembrei agora de um caso ocorrido no exército, os caras tinham aquela brincadeira boba de passar a mão.
  Essa é outra coisa que não gosto, homem colocando a mão em mim.
  Não é piada não, estou sendo super sincero, não escolho o que sentir.
  Pelo menos 1 metro de distância outro homem deve ficar de mim.
  Tá, aperto de mão, abraço nos amigos, passado o cumprimento, distância.
  Nada mais irritante que aqueles caras que falam tocando na gente ou que falam de tão perto que até cospem na gente.

  Tive duas fases bem próximas do suicídio, lá pelos 14 anos e depois aos 18 anos no serviço militar.


  Lembro que entrei no vestiário e um valentão da turma passou a mão em mim.
  Avisei que não gostava daquele tipo de brincadeira, expliquei que ele podia falar o que quisesse, me ofender verbalmente de todas as maneiras, mas que não colocasse a mão em mim, nem de brincadeira.
  Ele riu com ar desafiador, não pensei que iria ter maiores problemas.
  Não é que em outro dia eu ia entrando despreocupado no vestiário e senti uma mão no meu traseiro!
  Nem olhei quem era, já havia tornado público meu repudio por esta brincadeira quando vi que era o mesmo cara, nem sei de onde veio força, fui o empurrando pelo pescoço até ele cair sentado no mictório, o cara ficou uma arara, disse que iria me matar e a plateia lá assistindo o espetáculo.
   O cidadão pegou uma faca e ameaçou vir para cima de mim, acho que pensou que eu (magrinho de doer) sairia correndo em desespero.
   Quando não corri ele ficou meio baqueado, parece que não era tão louco a ponto de matar alguém ... pelo menos diante de tantas testemunhas.
  Eu ainda o deixei mais sem opção quando não esbocei nenhuma reação apenas disse:

   Vai me matar?
   Me faz esse favor.
    (Baixei totalmente a guarda e fiquei esperando o golpe fatal.)

  Um sargento e a turma do deixa disso resolveram aparecer, seguraram o cidadão armado com a faca e deram para ele um álibi para não me atacar.
  Se ele não era tão louco quanto parecia, todos entenderam que eu era mais louco do que parecia.
  Só sei que esse ocorrido foi até bom, depois disso ninguém zombava mais de mim.

  De certa forma fiquei muito respeitado, todos perceberam que ali estava um suicida, matar ou morrer para eu não fazia muita diferença, continuar vivo não significava grande coisa para mim.

  Então tenha em mente que você não é a medida de todas as coisas.
  Algo que você valoriza muito pode não significar absolutamente nada para outro.
  A vida naquele momento era um fardo insuportável para mim.

  Deveríamos nos interessar mais pelo que realmente as pessoas a nossa volta gostam, deveríamos ser mais sinceros em dizer do que gostamos e não gostamos.


  Acredito que a vida ficaria bem melhor assim, seria um fardo mais leve.

  


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