quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Dor Social

   “Os maus atos não doem por serem proibidos, mas são proibidos por doerem.”
 [Benjamin Franklin]

   Esse pensamento ficou fascinante em minha mente porque me sugeriu dois tipos de dores diferentes, social e individual.

  


 1 - Dor Social.
 
   Franklin fala da dor social, aquela que fundamenta nossas leis.
   Algo que não dói nada em mim (dor individual) pode doer muito em outro ou em outros então vem a proibição.

  Exemplo:
  Um político ou servidor público desvia para o próprio bolso 200 mil.
  É uma quantia razoável, não dá pra ficar rico, mas dá uma turbinada na vida econômica.
  Em geral não acontece uma dor individual para o servidor.
  Ele só pensa no prazer que essa grana vai possibilitar.
  Remorso?
  Se o cidadão tivesse esse tipo de consciência NÃO praticaria o crime.
  Por isso me causa risos quando alguém apela para a consciência do bandido ou político corrupto.

  Você acha mesmo que o marginal que roubou seu celular não dorme a noite pelo sentimento de culpa de ter tirado de você algo precioso/importante!?

  Um roubo ou desvio de verba não dói porque é proibido; dói “socialmente” porque atrapalha a vida de muitos em proveito de poucos, não conseguimos observar JUSTIÇA.

2 - Dor Individual.

  É aquela que dói em nós independente da coletividade.
  Em uma festa no geral todos estão bem, mas “eu” estou com dor de dente (só um exemplo).
  Todos estão se sentido seguros, mas “eu” tive o celular roubado.

  A dor individual não tem o mesmo peso para todos.
  Exemplo:
  Ninguém gosta de levar fora de uma pessoa que ainda está a fim.
  A maioria lida “satisfatoriamente” com essa dor.
  Mas tem os que entram em forte depressão até os que planejam e praticam assassinato.
  “Se ela não é minha não será de ninguém.”
     (Outro dia público um texto sobre isso)

  A “proibição” também não tem o mesmo peso para todos.

  Tem pessoas que dizem que o proibido é mais gostoso.

  O indivíduo sente prazer em correr riscos.
  Vemos isso em “marginais da classe média”.
  O cidadão com recursos próprios ou da família poderia adquirir determinado bem, mas “roubar é mais gostoso”.
  (A tal “adrenalina”)

  Diversificando o entendimento...

  Para muitos a “traição sexual” é mais excitante justamente pelo risco que oferece.
  É um jogo, o prêmio máximo é não ser descoberto.
  O sexo em si é só um bônus...

  Ser humano é complicado, não escolhemos o que sentir.

  Qual a “graça” de uma montanha russa?
  Ninguém entra nesse “brinquedo” acreditando que o carrinho vai sair fora dos trilhos, mas a possibilidade que isso aconteça “emociona”.
  Passa a ser um desafio, um teste de coragem...

  Amarrando ao texto anterior, vou finalizar meditando sobre pecado.

  Peguemos algo proibido em qualquer sociedade ou religião, o assassinato.

  Não consigo pensar em ninguém que eu tenha vontade de matar, mas vamos supor que eu tivesse um grande desafeto, alguém que me provocou uma dor terrível.
  Mata-lo iria me dar prazer (nem que fosse o da vingança), no geral não sentiria dor ou remorso, pelo contrário, ser proibido matar seria até desagradável caso eu viesse a ser preso.

  Saindo dos dogmas religiosos nos aproximamos de uma boa definição do que seria pecado.

  Roubo, estupro, assassinato, são atos que provocam muita dor então devem ser proibidos, são “pecados”.

  Mas analisemos outras coisas consideradas pecado:

 Porque é pecado uma mulher andar com a cabeça descoberta?
  Porque é pecado mulher dirigir um culto ou missa?
  Porque é pecado eu frequentar praia de nudismo?
  Porque é pecado eu participar de jogo de azar?

  O excesso de qualquer coisa pode ser prejudicial a minha vida ou a meu corpo então pecar contra eu mesmo deve ser evitado, mas se estou obtendo prazer e não estou prejudicando ninguém nem eu mesmo, não sei porque uma atividade deve ser proibida ou pecaminosa.

  Eu acho a luta de boxe ou UFC uma selvageria, mas nunca proibiria.
  O indivíduo sabe as regras, não é obrigado a lutar, “o prazer em lutar supera a dor” então…lute!



  Vejam o caso do homossexualismo, não dá para uma religião séria defender esse tipo de ato, implicaria em admitir que Deus errou no corpo da pessoa.

  A lógica também nos diz que não faz sentido um homem sentir atração sexual por outro homem, logo pela lei de Deus e pelo uso da razão a pratica do homossexualismo deveria ser proibida.

  No campo religioso não há o que discutir, dogma é dogma e pronto, Deus é perfeito e só faz coisas perfeitas e pronto.
  Se o homem se desviou é culpa dele próprio e do Demo.

 A lógica nos permite andar mais algumas casas depois da virgula, então vamos nós!

 Em que um casal gay prejudica a sociedade!?

  Se os lutadores de boxe de comum acordo decidem se engalfinhar penso que é sensato de nossa parte aceitar.

  Se dois homens ou duas mulheres de comum acordo decidem viver como um casal me parece que deveremos seguir a lógica estabelecida para o boxe.

  Nunca estimularia minhas filhas a seguirem um esporte tão selvagem como essas lutas.

  Caso uma delas decida seguir eu lamentarei muito, mas se for uma escolha delas mesmo a contra gosto terei que aceitar.
   Confesso que não daria o menor apoio nem passaria a achar o boxe menos selvagem só porque minha filha aderiu a esse esporte.

  Enfim.

  Se a homossexualidade for um “pecado divino” que “Deus” os mande para o inferno.
  Não há nada que possamos fazer a respeito, não temos poder para evitar a danação eterna.

  Já no campo da LÓGICA se são cidadãos de bem, cumpridores da lei, não estão prejudicando ninguém então seria um grande desperdício de ENERGIA SOCIAL ficarmos os perseguindo.

  Não sou hipócrita, se minha filha se declarasse lésbica iria ser um dia muito triste, não teria o menor orgulho da opção sexual dela, não sairia por aí alardeando para amigos.
  Se um amigo perguntasse eu diria a verdade e reclamaria de mais esta situação desagradável em minha vida.
  No entanto minhas filhas sempre seriam bem recebidas sem nenhuma falsidade de minha parte, se o prazer delas é esse e não estão fazendo mal a ninguém …

  Tirando a “religiosidade” da palavra pecado ficaria algo assim:

 Gravíssimo - fazer mal aos outros por vontade própria.
  (Roubar, assassinar, estuprar, corrupção...)

 Grave – fazer mal a si mesmo.
 (Excesso de bebidas, drogas, gula, sedentarismo...)
 
  “Os maus atos não doem por serem proibidos, mas são proibidos por doerem.”

  Para decidirmos até que ponto deve ir uma permissão ou proibição é preciso análise profunda de todas as dores envolvidas.


  Essa lógica entra em sua mente?






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