quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Borderline

    “Que é o homem dentro da natureza?
      Nada com respeito ao infinito.
      Tudo com respeito ao nada.
      Um intermédio entre o nada e o tudo.”
       [Blaise Pascal]

  Algumas pessoas fazem muito drama com esse sentimento de ser tudo e nada ao mesmo tempo.   
  Como pensam linearmente já se autodenominam de “fronteiriços”, borderline.

   Perturbação borderline da personalidade (PBP) ou transtorno da personalidade borderline (TPB) é um padrão de comportamento anormal caracterizado por instabilidade nos relacionamentos interpessoais, instabilidade na imagem de si próprio e instabilidade emotiva.

 Se o cidadão não se sente feliz então esta infeliz.
 Existe graduação na felicidade ou infelicidade, mas sempre dentro de uma reta.

Depressão------------------|----------------Satisfação Plena

  Eu parto do princípio que com uma vida tão complexa quanto a nossa estar satisfeito com tudo é impossível.
  E aqui já começa a primeira constatação.
  Felicidade (satisfação plena) não existe.
  Quem busca isso não vai encontrar, então se não está feliz, só pode estar infeliz, seguindo sua linearidade mental.

  As pessoas que se dizem “borderline” se descrevem em estado de euforia em um momento e depressão em outros, em um momento se sentem TUDO em outro momento se sentem NADA.
  Elas percebem o ÓBVIO e fazem um drama danado a respeito disso.

  A vida é assim mesmo, certas coisas são muito agradáveis e te colocam lá pra cima, outras desagradáveis e te colocam lá pra baixo.
  As situações são tantas que você pode estar muito motivado com algumas e desmotivado com outras ... tudo ao mesmo tempo.

  A vida não é uma reta, “no mínimo” é um plano cartesiano.

  Vamos a uma ilustração mental.

  Quando recebi a convocação para o atual emprego, foi uma euforia incrível.
  Fazia muito tempo que lutava por um cargo público.
  Porem ... não era exatamente o cargo que eu queria.
  Fico feliz ou deprimido?
  O emprego que eu estava era bem ruinzinho, no geral foi uma boa notícia.

  Mas trabalho ... é trabalho.
  Responsabilidade, pepinos para resolver, horário a cumprir ... conseguir um emprego melhor não é sinônimo de passagem para o paraíso.

  A “satisfação plena” estaria em eu ganhar na loteria, ficar muito rico?

  Todos sabemos (ou deveríamos saber) que a vida não se resume a ter ou não ter dinheiro.
  A família é importante, seu relacionamento com pai, mãe, irmãos.
  Tem o amor, paixão, desejo sexual, amizade, incompatibilidade ... com outras pessoas.
  Tem a qualidade da sua saúde, tem o envelhecimento, a morte de pessoas queridas, o pensamento na nossa própria morte.

  Enquanto estamos vivos nos sentimos eternos, mas sabemos que vamos morrer mais cedo ou mais tarde.
  Tudo e nada.

  Todos somos Borderline/Fronteiriços.

  Instabilidade, impermanência são
paradoxalmente a constante da vida.
 
  A diferença é que a maioria de nós se adapta a essa dinâmica e tenta a estabilidade possível, fica adulto mentalmente.

  Outros optam pelo drama, permanecem infantis e nosso atual “psicologismo” incentiva esse comportamento.
  Os borderlines são quase gênios incompreendidos, só eles veem o “nada”, o lado trágico da vida.
  Nós outros vivemos de ilusão, em uma “matrix” produzida por algum sistema.

  Engole esse choro senão vou dar uma havaianada na sua cara!

  É tanto drama, que vira até comédia 😆
  (Pra mim evidentemente; não para os defensores do psicologismo.)



 “Sinto que vou perder a cabeça
  Você continua empurrando meu amor
  Acima da fronteira”



Para você que só ia na escola comer merenda e azarar as garotas...








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