segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Óxi na Veja


“O lado mais assustador do Óxi talvez seja a carência de dados sobre seu alcance no território brasileiro.
  Quem se debruça sobre o assunto, avalia que a droga atinge todas as classes sociais.
 "Não há um perfil estabelecido de usuário: ela é usado tanto pelos estratos mais pobres quanto pelos mais ricos da população"    


  Na reportagem é dito que quem está “migrando” para o Óxi (no geral) já é usuário de crack o preço mais baixo, 2 reais, os está atraindo, logo não podemos afirmar que o Óxi está criando uma nova demanda de viciados, eles permanecem os mesmos, só estão tentando economizar.
  Quem não usa crack, dificilmente usará Óxi.
  A revista nos fala que o Óxi já existe no Norte/ Nordeste há mais de 20 anos, não dá para dizer que é uma “droga nova”.
  Todos conhecem o risco de consumi-la, não dá para toda sociedade virar babá de marmanjo.

    A Veja encheu a matéria com histórias de famílias atingidas pelas drogas dando impressão de fim de mundo.
  (Li a revista, na Internet está a versão resumida.)
  Vamos meditar um pouco além.

   Se você fizer uma matéria sobre AIDS são pessoas envolvidas nessa situação que serão entrevistadas.
  É uma doença complicada, há casos de “superação”, mas a maioria são histórias desagradáveis ou trágicas.

  Quero dizer que toda e qualquer matéria vai focar no seu objeto de estudo, entrar naquele universo.
  É preciso analisarmos os números para “filtrar” a extensão do problema.

  Pois bem.

  Em certo momento a matéria diz que pesquisa recente indica que no Brasil há 1 milhão de viciados em crack.
  Realmente é um número que escrito assim impressiona, mas vamos aplicar uma matemática básica?
  O Brasil tem cerca de 192 milhões de habitantes (2014), destes, 115 milhões estão na faixa etária de 15 a 59 anos que seria o grosso dos usuários de drogas.
  Se temos 1 milhão de usuários isto significa 0,8% da população, isso mesmo, não chega a 1% de consumidores no Brasil todo.

  Não sou especialista, na minha percepção as drogas ilícitas mais usadas são maconha, cocaína e crack.

  Algo importante que percebo é que o dependente químico tem sua “preferencia”, mas no geral usa vários tipos de substâncias.
  Estou escrevendo isso porque nas matérias vejo coisas do tipo.

  “Há 1 milhão de viciados em cocaína”.
  “Há 1 milhão de viciados em crack”.
  “Há 1 milhão de viciados em maconha.”
  Total: 3 milhões de dependentes químicos.

  É uma conta muito subjetiva.
  Pense no alcoólatra, ele pode ter preferência pela pinga, isso não quer dizer que não consuma vodca, whisky, cerveja, vinho ...

  Quero dizer que esses “3 milhões” de dependentes podem ser 2 milhões ou menos.
  São viciados que usam o que estiver mais disponível, um indivíduo responde sim para o consumo das 3 drogas.

   Demonizar as drogas e torna-las totalmente ilegais me parece querer matar pernilongo com tiro de canhão.
  O TRAFICO “parece” nos trazer muito mais horrores que o CONSUMO.
  O consumo excessivo de drogas afeta a poucas famílias e claro que são histórias muito tristes, mas o tráfico afeta toda a sociedade e isso é terrível.

  Puxando pela memória lembrei de 4 casos tristes em minha família (primos).
  Um se enforcou, pois tinha uma dívida com o traficante.
  Outro morreu de AIDS, possivelmente drogas injetáveis.
  Outro está paraplégico possivelmente disputa por ponto de venda e outro morreu com 3 tiros em circunstancias suspeitas também de tráfico.
  Minha “família” (parentesco em segundo e terceiro grau) é imensa.
  A maioria dos parentes tem vida normal.

  Eu defendo que a sociedade civilizada tem que regulamentar a produção e comercio das drogas.
  Não sei de nenhum Banco ou farmácia que mandou matar alguém por uma dívida.
  A ANVISA poderia exigir padrões de qualidade e definir as drogas que não poderiam ser produzidas.
  O dinheiro dos impostos poderia ser aplicado em excelentes clinicas de recuperação para quem se propuser a isso.
 Campanhas ininterruptas desestimulando o consumo como acontece com o cigarro.
 Proibição total de propaganda…enfim PENSANDO sobre o assunto daria para desenvolver ótimas LEIS, mas se nos recusamos a pensar tudo fica sempre mais difícil.
  Tenha certeza que apesar de todos nossos esforços muitos viciados perderão suas vidas ou as terão destruídas.

  Sejam bem vindos a REALIDADE, nem Jesus promete que todos serão salvos.
  Sempre haverá perdas.
   





  Sou assinante da Veja, no conjunto da obra noto que o "manda chuva" da revista é contra a regulamentação das drogas.
  As matérias sempre tem essa tendência de incentivar a intensificação da guerra contra as drogas.
  Se o funcionário quiser manter o emprego é bom seguir as convicções do patrão.
  Ao contrário da maioria não vejo grande problema nisso.
  Defendo que revistas e jornais tem que ter liberdade até para terem suas opiniões, esse negócio de jornalismo imparcial é coisa de patrulhas do “politicamente correto.”

   Quem tem que saber filtrar é O LEITOR.

    Se eu trabalhasse na Veja ficaria em situação difícil.
  Defendo a regulamentação da produção e comércio das drogas.
  Entretanto...

  O Brasil com fronteiras tão extensas e com vários países, NÃO é aconselhável sair na vanguarda em uma regulamentação das drogas.

  Mas poderíamos pressionar os países desenvolvidos a tratar a situação das drogas de uma maneira mais racional, mais eficiente porque o modelo atual é um grande FRACASSO.

  Se os países desenvolvidos optarem por uma regulamentação mais realista, a maior parte do mundo vai na mesma direção.





PS: Essa matéria é antiga, caso o link deixe de funcionar tem aqui um resumo:















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