sexta-feira, 29 de março de 2013

Dons e Talentos

    “É impossível para um homem aprender aquilo que ele acha que já sabe.”

[Epíteto] 


  Para Epíteto, uma vida feliz e uma vida virtuosa são sinônimos.
  Felicidade e realização pessoal são consequências naturais de atitudes corretas. 
  Vamos meditar sobre isso.

  Trouxe Epíteto para mostrar como o debate escrito é muito mais eficiente que o debate falado.
  Palavras escritas (ou gravadas) não podem ser ignoradas, tem o registro, no debate oral fica meio o "dito pelo não dito". 

  Epíteto passou a maior parte da sua vida vivendo como escravo, com um senhor muito cruel.
  A escravidão era muito natural no passado da humanidade não tinha o peso que tem hoje, acredito que muitas pessoas ficavam de boa nessa situação.
  O individuo já nasceu escravo ou por uma infelicidade foi tornado ... fazia parte da vida naqueles tempos.
  O detalhe aqui é: "Com um senhor muito cruel".
  Com um dono "gente boa" falar em felicidade é exagero (não acredito em felicidade), mas a vida ia seguindo tranquila.
  Esta escrito/registrado que o proprietário de Epiteto era muito cruel.
  Não dá para ser "feliz" assim a não ser que o individuo seja muito masoquista, um registro que não existe sobre Epiteto.

  Quero dizer que o que Epiteto viveu depõe contra sua linha de pensamento.
  Ele era virtuoso, praticante de atitudes corretas e não foi "feliz". 
  Epíteto quer nos convencer que foi feliz sendo escravo de um dono cruel!

  Vamos para outra questão.

  Porque a linha mestra da filosofia de Epiteto esta equivocada (segundo minha argumentação) devo ignorar tudo mais que ele escreveu? 

  A filosofia de Epiteto é fraca, mas tem alguns pensamentos geniais.

  Quando digo que a massa é medíocre muitos entendem que estou me considerando superior ou que a massa é algum tipo de escória da humanidade. 
  A palavra medíocre vem de estar dentro de uma média, mas concordo que ela ganhou um sentido "negativo" e por isso vou evitar usa-la em outros textos.
  Eu sou medíocre, provavelmente você também.

   
Mozart e Michelangelo eram pessoas medíocres, só enxergavam sua arte e mais nada, pessoas limitadas ao seu TALENTO.
  Quem pode dizer que não foram gênios ... no seu ramo de atividade?

  A vida não é exata.
  A massa é medíocre no sentido de não ter uma visão geral das coisas, mas em seus “dons”, seus “talentos”, fazem a diferença na sociedade, não são dispensáveis ou escória.

  Um excelente mecânico de automóveis ... é um excelente mecânico de automóveis mesmo que vote no 
Joaquim Roriz.
 (Aquele político de Brasília cheio de processos.) 
  Claro que sua visão política é lamentável, mas sua habilidade com automóveis pode torna-lo mais importante para sua comunidade que uma pessoa inteligente e altamente politizada que entenda que um dos grandes males da nação é nossa tolerância com a impunidade e corrupção.

  Voltando a Epíteto, ele foi vitima de seu próprio pensamento, que se diga é grandioso, muito observável.

   “É impossível para um homem aprender aquilo que ele acha que já sabe.”

  Achava que já sabia que uma vida virtuosa e uma vida feliz são sinônimos, não “aprendeu” (observou) que suas idéias não correspondiam aos fatos.

  Será que uma boa e “virtuosa” dona de casa é sempre mais "feliz" que uma prostituta?

  Trabalhei em uma boate de prostituição (segurança), conversei com muitas prostitutas.
  Posso assegurar-lhes que no geral não são mais felizes ou infelizes que outras mulheres, cada caso é um caso.
  Se irão para o Inferno quando morrerem depende da crença de cada um … quem pode afirmar com certeza que Epíteto esta no “céu”?

   Quem acha que já sabe tudo que acontece pós morte física não tem como mudar sua opinião sobre coisas que acontecem na vida terrena.

  Da mesma forma um ateu que tem certeza que somos apenas maquinas biológicas não tem como mudar sua opinião sobre uma série de coisas.

  É impossível para um homem aprender aquilo que ele acha que já sabe, mantenho minha mente aberta ... "só sei que nada sei."




 
Dois pensadores que considero acima da média são Sócrates e Benjamin Franklin.

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