terça-feira, 10 de setembro de 2013

Casamento Platônico

  “Noutros tempos houve amores platônicos, hoje há matrimônios platônicos.”
 [Bernard Shaw]

  “Platão criou a teoria do mundo das idéias, onde tudo era perfeito.
  O mundo é uma cópia imperfeita desse mundo das idéias.   
  Amor platônico, ou qualquer coisa platônica, se refere a algo que seja perfeito, mas que não existe no mundo real, apenas no mundo das idéias.”

  Antigamente os casamentos eram arranjados, se a mulher conseguisse um marido que lhe provesse o sustento e não fosse violento já seria um ótimo negócio.
  Da mulher também não se esperava muito, os afazeres domésticos eram tantos que se fosse uma boa dona de casa já seria um bom negócio.

  Hoje o marido espera tanto da esposa e a esposa espera ainda mais do marido, podemos dizer que IDEALIZAMOS um parceiro(a).
  No mundo das ideias construímos um relacionamento perfeito, com nossa “alma gêmea”.

  Compreendo o amor platônico, mas obviamente ele não é eficiente.

  Na “equação” do amor platônico existe um elemento importante para que funcione, tenha seu charme, sua graça, esse elemento é a DISTANCIA.

  Enquanto você está sonhando com a pessoa amada, enquanto seus contatos são breves fica fácil manter a ideia de quase perfeição.
  No namoro, com o tempo ocorre o desgaste porque tem a proximidade, a REALIDADE.
  Ninguém é perfeito.

   Tem um conto oriental que diz que de longe uma montanha pode ser tão bonita e perfeita quanto desejamos, mas se quisermos escala-la teremos que nos aproximar e de perto a montanha é o que é e não o que desejamos que seja.

  Tanto para Platão quanto no conto oriental a idealização só é possível com a distância.

  Você pode tentar evitar relacionamentos quando eles começam a ficar mais “sérios”.
  Isso dá certo quando é bem jovem e acredita que tem todo tempo do mundo (juventude platônica 😊).
  Mas o tempo vai passando, a realidade do envelhecimento se impõe, vem o desejo de constituir família.

  Todos nós conhecemos pessoas que preferiram não se casar, é uma opção.
  Alguns idealizaram tanto um relacionamento perfeito que obviamente em algum momento ocorre o rompimento ... perfeição não existe.
  Vão alimentando a ilusão de encontrar um parceiro ideal até que com o envelhecimento e diminuição das oportunidades ... meio que desistem, se conformam.
  Outros são mais conscientes, observam a vida de outros, sabem de todo transtorno que filhos e casamento podem trazer e preferem manter sua vida mais “tranquila”.
  Veem as coisas boas também, mas para eles o “custo benefício” não compensa.

  A maioria de nós prefere “escalar a montanha casamento”.
  Sabe como é ... tem o lance do amor, tem o lance da paternidade, tem o lance do medo da solidão...

  Para quem pretende casar:
  Observo muitas pessoas casando movidas pela paixão, deixando a razão a distância.
  Idealizam uma esposa, idealizam um marido e acreditam que depois do casamento, seus parceiros serão o que desejam que sejam, o que “sonharam” que seria.
  O casamento platônico caminha para o distanciamento, primeiro de mentes com atritos constantes e depois inevitavelmente de corpos...a simples presença do outro incomoda.

  Não sejamos radicais.
  Não estou propondo a volta do casamento por interesse.
  O casamento por paixão/amor foi um grande avanço civilizatório, apenas acredito que é bom fugirmos das armadilhas da IDEALIZAÇÃO.
  Se no período de namoro a idealização já é ruim, depois do casamento ela fica ainda mais corrosiva.
  No namoro é possível manter uma certa distância, no casamento não tem como.

  O alpinista quando escolhe uma montanha leva as ferramentas certas, se prepara para ela, e na escalada descobre belezas que nunca veria a distância.

  Se você se preparar mentalmente para o casamento ... há grande probabilidade de “dar certo” ... ter mais benefício que custo.





  A propósito o exagerado e amargo Bernard Shaw dizia que:

   “O matrimônio não é loteria.
    Na loteria algumas vezes ganha-se.”
  😄
  Esse Shaw… grande pensador, mas nunca esteve preparado para o casamento.
  Ou foi atingido duramente por um amor não correspondido ... isso acontece.






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