[Bernard Shaw]
“Platão criou a teoria do mundo das idéias,
onde tudo era perfeito.
O mundo é uma cópia imperfeita desse mundo
das idéias.
Amor platônico, ou qualquer coisa platônica,
se refere a algo que seja perfeito, mas que não existe no mundo real, apenas no
mundo das idéias.”
Antigamente os
casamentos eram arranjados, se a mulher conseguisse um marido que lhe provesse
o sustento e não fosse violento já seria um ótimo negócio.
Da mulher também
não se esperava muito, os afazeres domésticos eram tantos que se fosse uma boa
dona de casa já seria um bom negócio.
Hoje o marido
espera tanto da esposa e a esposa espera ainda mais do marido, podemos dizer
que IDEALIZAMOS um parceiro(a).
No mundo das
ideias construímos um relacionamento perfeito, com nossa “alma gêmea”.
Compreendo o amor
platônico, mas obviamente ele não é eficiente.
Na “equação” do
amor platônico existe um elemento importante para que funcione, tenha seu
charme, sua graça, esse elemento é a DISTANCIA.
Enquanto você está
sonhando com a pessoa amada, enquanto seus contatos são breves fica fácil manter
a ideia de quase perfeição.
No namoro, com o
tempo ocorre o desgaste porque tem a proximidade, a REALIDADE.
Ninguém é
perfeito.
Tem um conto oriental que diz que de longe uma
montanha pode ser tão bonita e perfeita quanto desejamos, mas se quisermos
escala-la teremos que nos aproximar e de perto a montanha é o que é e não o que
desejamos que seja.
Tanto para Platão
quanto no conto oriental a idealização só é possível com a distância.
Você pode tentar
evitar relacionamentos quando eles começam a ficar mais “sérios”.
Isso dá certo
quando é bem jovem e acredita que tem todo tempo do mundo (juventude platônica 😊).
Mas o tempo vai
passando, a realidade do envelhecimento se impõe, vem o desejo de constituir família.
Todos nós conhecemos pessoas
que preferiram não se casar, é uma opção.
Alguns
idealizaram tanto um relacionamento perfeito que obviamente em algum momento
ocorre o rompimento ... perfeição não existe.
Vão alimentando a
ilusão de encontrar um parceiro ideal até que com o envelhecimento e diminuição
das oportunidades ... meio que desistem, se conformam.
Outros são mais
conscientes, observam a vida de outros, sabem de todo transtorno que filhos e
casamento podem trazer e preferem manter sua vida mais “tranquila”.
Veem as coisas
boas também, mas para eles o “custo benefício” não compensa.
A maioria de nós
prefere “escalar a montanha casamento”.
Sabe como é ...
tem o lance do amor, tem o lance da paternidade, tem o lance do medo da
solidão...
Para quem pretende casar:
Observo muitas
pessoas casando movidas pela paixão, deixando a razão a distância.
Idealizam uma
esposa, idealizam um marido e acreditam que depois do casamento, seus parceiros
serão o que desejam que sejam, o que “sonharam” que seria.
O casamento platônico caminha para o distanciamento, primeiro de mentes com
atritos constantes e depois inevitavelmente de corpos...a simples presença do
outro incomoda.
Não sejamos
radicais.
Não estou
propondo a volta do casamento por interesse.
O casamento por
paixão/amor foi um grande avanço civilizatório, apenas acredito que é bom
fugirmos das armadilhas da IDEALIZAÇÃO.
Se no período de
namoro a idealização já é ruim, depois do casamento ela fica ainda mais
corrosiva.
No namoro é
possível manter uma certa distância, no casamento não tem como.
O alpinista
quando escolhe uma montanha leva as ferramentas certas, se prepara para ela, e
na escalada descobre belezas que nunca veria a distância.
Se você se preparar
mentalmente para o casamento ... há grande probabilidade de “dar certo” ... ter
mais benefício que custo.
A propósito o
exagerado e amargo Bernard Shaw dizia que:
“O matrimônio não é loteria.
Na
loteria algumas vezes ganha-se.”
😄
Esse Shaw… grande
pensador, mas nunca esteve preparado para o casamento.
Ou foi atingido
duramente por um amor não correspondido ... isso acontece.
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