sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Sobre o Ócio

 “Tempo livre não significa repouso.
   O repouso, como o sono, é obrigatório.
   O verdadeiro tempo livre é apenas a liberdade de fazermos o que queremos, mas não de permanecermos no ócio.”
    [Bernard Shaw]

  E quando queremos permanecer no ócio?

  "Ócio significa não fazer nada, é uma palavra com origem no latim otiu.
   Ócio representa, por exemplo, uma folga do trabalho, do colégio ou faculdade, um momento de lazer, para aproveitar e descansar.
   Ócio é um tempo livre, um tempo vago para não fazer absolutamente nada, apenas para relaxar, e não pensar em nada."

  Permaneço bastante tempo no ócio.
  Mas essa palavra é "complicada".
  Fica mais fácil se associa-la com compromisso.

  Compromisso é um acordo entre duas partes de que algo será realizado.

  Se na próxima hora não tenho nenhum compromisso considero 1 hora de ócio.
  Quanto a não fazer absolutamente nada ... é outra coisa bem complicada.
  Lembrei de uma música:

  “Nada, é uma palavra esperando tradução.”

  Se um monge budista está em meditação ... está em meditação, não sei classificar isso como nada.
  Limpar a mente de tudo é um processo tão complicado que poucos conseguem, até dormindo nossa mente está em atividade mesmo que não nos lembremos.

  Gosto de não ter compromissos, ficar no ócio.
  Mas só fico em paz se realizei minhas obrigações, cumpri meus compromissos.

  O que faço no ócio?

  O que mais faço é pensar, não sei classificar isso como não fazer nada.
  Também não sei como é esse processo para outros, no meu caso minha mente flutua pelo que chamo de "planos de pensamentos".
  É difícil explicar, vou tentar.

  Quando leio, assisto um filme, observo uma ocorrência, ouço um caso … minha mente automaticamente se desdobra, um universo paralelo é construído em segundos.
  Ocorre uma processo intenso de empatia.

  Se a provocação é boa sou absorvido.
  Exemplo:
  Filmes de guerra me deprimem, mas gosto de assisti-los ... se o roteiro é bom.
  Me vejo no lugar daqueles homens momentos antes de irem para o campo de batalha e depois sendo mortos como moscas sem saber bem “quem é o inimigo quem é você.”
 
  Sinto como se eu mesmo tivesse participado de muitas guerras, morrido e matado várias vezes, cicatrizes que nunca serão totalmente apagadas.

  


  A melhor parte de assistir um filme de guerra é saber que é só um filme.

  Quando acaba é maravilhoso poder estar em casa com minha família, coisa simples negada a tantos soldados mortos muito jovens.
  Poder ir até a janela e ver pessoas jogando conversa fora, crianças brincando, senhoras andando com seus cãozinhos, homens naquela conversa descontraída na padaria da esquina, até aquele jovem com o volume do som alto no carro já não me irrita.
  Ficar na janela e calmamente apreciar todos os tons de verde.

  É ótimo não estar em guerra, ficar no ócio passa a ser maravilhoso.

  Evito me encher de compromissos, a enorme quantidade de textos atestam todo tempo que passo "flutuando".

  Já encontrei pessoas orgulhosas de seus inúmeros compromissos de todos os tipos, vida social e/ou profissional intensas.

  Outras não querem nada com nada, se nasceu em família de posses vai vivendo bem, se nasceu pobre ... vai da sorte de cada um, mas em geral é uma vida bastante limitada.
  Não raro, se torna grande peso para família.

  Gosto do “Capitalismo” também por conta disso ele nos propõe uma luta, mas não nos obriga a participar dela, tudo depende de quanto somos ambiciosos, do valor que damos as coisas, principalmente aquelas que não tem preço só sentimento.

  Já desejei ter muitos bens materiais, continuo desejando, mas não troco eles por minha paz.




“Se lembra quando era só brincadeira.
 Fingir ser soldado a tarde inteira?

Nossas meninas estão longe daqui
E de repente eu vi você cair
Não sei armar o que eu senti
Não sei dizer que vi você ali.
Quem vai saber o que você sentiu?
Quem vai saber o que você pensou?
Quem vai dizer agora o que eu não fiz?
Como explicar pra você o que eu quis...




  




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