“Tempo livre não significa repouso.
O repouso, como o sono, é obrigatório.
O verdadeiro tempo livre é apenas a liberdade
de fazermos o que queremos, mas não de permanecermos no ócio.”
[Bernard Shaw]
E quando queremos
permanecer no ócio?
"Ócio significa não fazer nada,
é uma palavra com origem no latim otiu.
Ócio representa, por exemplo, uma folga do
trabalho, do colégio ou faculdade, um momento de lazer, para aproveitar e
descansar.
Ócio é um tempo livre, um tempo vago para
não fazer absolutamente nada, apenas para relaxar, e não pensar em nada."
Permaneço
bastante tempo no ócio.
Mas essa palavra
é "complicada".
Fica mais fácil
se associa-la com compromisso.
Compromisso é um acordo entre
duas partes de que algo será realizado.
Se na próxima
hora não tenho nenhum compromisso considero 1 hora de ócio.
Quanto a não
fazer absolutamente nada ... é outra coisa bem complicada.
Lembrei de uma música:
“Nada, é uma palavra esperando
tradução.”
Se um monge
budista está em meditação ... está em meditação, não sei classificar isso como
nada.
Limpar a mente de
tudo é um processo tão complicado que poucos conseguem, até dormindo nossa
mente está em atividade mesmo que não nos lembremos.
Gosto de não ter compromissos,
ficar no ócio.
Mas só fico em
paz se realizei minhas obrigações, cumpri meus compromissos.
O que faço no ócio?
O que mais faço é
pensar, não sei classificar isso como não fazer nada.
Também não sei
como é esse processo para outros, no meu caso minha mente flutua pelo que chamo
de "planos de pensamentos".
É difícil
explicar, vou tentar.
Quando leio,
assisto um filme, observo uma ocorrência, ouço um caso … minha mente automaticamente
se desdobra, um universo paralelo é construído em segundos.
Ocorre uma
processo intenso de empatia.
Se a provocação é
boa sou absorvido.
Exemplo:
Filmes de guerra
me deprimem, mas gosto de assisti-los ... se o roteiro é bom.
Me vejo no lugar
daqueles homens momentos antes de irem para o campo de batalha e depois sendo
mortos como moscas sem saber bem “quem é o inimigo quem é você.”
Sinto como se eu
mesmo tivesse participado de muitas guerras, morrido e matado várias vezes,
cicatrizes que nunca serão totalmente apagadas.
A melhor parte de
assistir um filme de guerra é saber que é só um filme.
Quando acaba é maravilhoso
poder estar em casa com minha família, coisa simples negada a tantos soldados
mortos muito jovens.
Poder ir até a
janela e ver pessoas jogando conversa fora, crianças brincando, senhoras andando
com seus cãozinhos, homens naquela conversa descontraída na padaria da esquina,
até aquele jovem com o volume do som alto no carro já não me irrita.
Ficar na janela e
calmamente apreciar todos os tons de verde.
É ótimo não estar
em guerra, ficar no ócio passa a ser maravilhoso.
Evito me encher
de compromissos, a enorme quantidade de textos atestam todo tempo que passo
"flutuando".
Já encontrei
pessoas orgulhosas de seus inúmeros compromissos de todos os tipos, vida social
e/ou profissional intensas.
Outras não querem
nada com nada, se nasceu em família de posses vai vivendo bem, se nasceu pobre
... vai da sorte de cada um, mas em geral é uma vida bastante limitada.
Não raro, se
torna grande peso para família.
Gosto do “Capitalismo”
também por conta disso ele nos propõe uma luta, mas não nos obriga a participar
dela, tudo depende de quanto somos ambiciosos, do valor que damos as coisas,
principalmente aquelas que não tem preço só sentimento.
Já
desejei ter muitos bens materiais, continuo desejando, mas não troco eles por
minha paz.
“Se
lembra quando era só brincadeira.
Fingir ser soldado a tarde inteira?
Nossas
meninas estão longe daqui
E
de repente eu vi você cair
Não
sei armar o que eu senti
Não
sei dizer que vi você ali.
Quem
vai saber o que você sentiu?
Quem
vai saber o que você pensou?
Quem
vai dizer agora o que eu não fiz?
Como
explicar pra você o que eu quis...
.