sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Comparações

  
  Para analisar se uma situação é boa ou ruim não conheço nada melhor que a comparação.
  Até porque não tenho como ignorar a relatividade.

 
Ganhar um salário mínimo é bom ou ruim?

  Se a pessoa não tem nenhuma qualificação, está desempregada e precisando muito de alguma renda é motivo de alegria.
  Se a pessoa está empregada ganhando dois salários ... é uma catástrofe.

  Já passei por essas duas situações.
  Alívio por conseguir alguma renda e tristeza por perder uma renda razoável.
  Em termos de emprego e renda as alegrias foram mínimas, n
ão lembro de nenhuma digna de nota.
   Meu primeiro salário como encarregado foi emocionante, ganhava um salário e meio, passei a ganhar 3, mas veio com tanta pressão e responsabilidade que não dá para dizer que foi um momento de grande alegria.
   Foi alivio por uma renda melhor e medo dos desafios.
  De qualquer forma, para quem precisava tanto de dinheiro igual eu, foi melhor conseguir o cargo que deixar passar a oportunidade.

  Vejam que tudo é muito relativo, algo pode ser bom e ruim ao mesmo tempo dependendo com o que estamos comparando.

 
"Nós somos medo e desejo, feitos de silêncio e som, tem certas coisas que eu não sei dizer..."
  Lá pelos  20 anos, superando o serviço militar e conseguindo meu emprego de salário mínimo, a vida continuou precária, mas se comparada com o que tinha vivido antes houve significativa melhora.





  Essa introdução foi necessária para chegarmos a esse comentário de alguém  que conhece bem minha vida.


 Comentarista: " Você não valoriza o passado por causa das suas dificuldades pessoais, deveria buscar algum tratamento."😟


 

  A pessoa ficou muito chateada por eu não valorizar a brincadeira de pular amarelinha como ela acha que eu deveria fazer.
  De uma certa forma concordo com ela.

 
As pessoas transferem para o objeto ou atividade suas lembrança afetivas, bons momentos vividos.

  Com minhas lembranças afetivas comprometidas o encantamento com objetos e atividades do passado não ocorre.

  Não sei se isso "pede" algum tratamento ou se é possível alguma terapia.
  Acredito que sem essa carga emocional consigo ver as coisas com mais clareza.
  Pulei amarelinha, me diverti com primos e colegas.
  Porém, não acho que é uma brincadeira tão maravilhosa a ponto de fazer falta na vida das crianças atuais.

  Se os adultos da minha infância perguntassem as crianças coisas como:

 

  Querem jogar amarelinha ou ir ao cinema?

  Querem rodar pião ou ir a uma lanchonete?

  Querem "rodar pneu" ou um carrinho de controle remoto?

  Quer uma boneca de louça ou boneca que canta e dança?

  Quer brincar de pique esconde ou ir a um parque aquático.

  Quer brincar de figurinhas ou ganhar um "Atari".

 

  

  Por favor, um prazer não exclui outro.
  Mas se tivéssemos mais opções, as escolhas seriam mais diversificadas.
  Tenho certeza que se eu fosse criança hoje, iria adorar ganhar um tablete, ele faria parte da minha memória afetiva tanto quanto "rodar pneu".
  Mas convenhamos, eu não tenho argumentos para defender que rodar pneu é muito melhor que ter um celular...

  Enfim, acreditar que teve uma infância mais feliz porque tinha locadora de vídeos, bolinha de gude, bambolê ... não resiste a mínima analise lógica.

  Você tem saudades da sua "juventude" como as crianças de hoje terão das delas daqui uns 20 anos...

  Essa lógica entra em sua mente?
  
  Ou prefere se iludir que em uma "comparação ilógica" seu passado foi melhor que o presente das crianças atuais?





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