quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Lar doce Lar

  “A maioria dos males acontece aos homens por não ficarem em casa.”
  [Blaise Pascal]

  Não gosto de escrever sobre isso, é muito perturbador pra mim.
  Entendo bem a Síndrome do Pânico.
  Fora de casa é um lugar assustador onde tudo de mau pode acontecer.
  Não vou falar de roubo, estupro, latrocínio, atropelamento…  
  Vou amarrar aos textos anteriores e falar de relacionamentos.

  Minha esposa trabalha em uma grande empresa, como a maioria das pessoas que trabalham, passa a maior parte do dia em função do trabalho, se excluirmos as horas de sono.
  Ela tem contato com dezenas de pessoas todos os dias e “provavelmente” 50% deve ser homens.
  Alguma parte desse público masculino deve desejar ir para cama com ela então inevitavelmente deve receber cantadas, isso é comum em qualquer ambiente.
  Claro que depois de anos juntos eu já não tenho tantos mistérios para minha esposa e como acontece em 98% dos casais estarmos juntos é algo natural, faz parte da nossa rotina.
  Nunca dá para saber ao certo o que se passa na cabeça do outro, da minha parte consigo aproveitar tudo de bom que a rotina traz, principalmente a paz, a tranquilidade, a previsibilidade das coisas.
  Me parece que minha esposa compartilha o mesmo sentimento, mas viver é complicado a vida não é exata.
  A possibilidade de minha esposa se apaixonar por outro homem não deve ser descartada e isso acontecendo as chances do relacionamento chegar ao fim passam a ser significativas.
  Eu estou aqui praticando a FILOSOFIA, mas é claro que muitos homens chegam a essa conclusão INSTINTIVAMENTE e reagem por REFLEXO.
  Proíbem suas companheiras de trabalhar fora ou as controlam com “rédeas” curtas.
  Porque não estender esse controle também a suas filhas?

  “Prende as cabritas, porque os bodes estão soltos”.

  Tudo lá fora é uma ameaça constante, inclusive sexual.
  Na mente do indivíduo sua casa é seu REINO, sua família são seus SÚDITOS que lhe devem total OBEDIÊNCIA.
  Não devem se afastar do reino, pois só ali sob sua vista estarão seguros.
  Sua esposa é uma rainha, “rainha do lar” 😄

  Você está achando esse indivíduo com uma preocupação exagerada a respeito da sexualidade de sua mulher e filhas?
  Concordo com você.
  Entretanto muitas famílias vivem essa situação.

  (Talvez você mesmo seja esse marido/pai controlador e nem se dê conta.)

  Quantos homens não gostam que a esposa trabalhe e se por necessidade trabalham estão sempre desconfiados, imaginam sinais de traição?

  Quantos pais estão sempre desesperados em saber exatamente onde estão seus filhos, principalmente filhas, como se seus súditos fossem incapazes de cuidarem de si mesmos?

  Há até um reforço midiático a respeito disso.
  Já assisti e li muitas matérias sugerindo que pais devem saber tudo que os filhos fazem, pesquisar até os amigos, isso é ser "bom pai".

  Confiança?
  É melhor evitar...

  Lido com o medo de sair de casa da mesma maneira que lido com todos os outros medos.
  Submeto a lógica e me esforço para AGIR racionalmente.
  Como sabem, o medo é antes de tudo uma emoção/sentimento, não escolhemos o que sentir, apenas sentimos, podemos decidir como agir.

  Como não consigo evitar de sentir medo de sair de casa ... evito sair de casa.
  Mas preciso trabalhar então faço o que tenho que fazer.
  Dirijo com cuidado, fico atento para não ser roubado, penso antes de agir para não sofrer acidentes.

  Me sinto mais tranquilo com minha esposa e filhas dentro de casa.
  Mas entendo a necessidade de saírem para trabalhar, estudar ou passear.
  Não quero “contamina-las” com meus medos.
  Me limito a sugerir regras básicas de segurança.
  No mais ... sinto CONFIANÇA.
  Já conheci minha esposa muito independente, alguém que sabe cuidar de si mesma, não preciso tomar conta dela quanto a “lábia” de outro homem.
  Minha parte é tentar ser um bom companheiro.
  Ficar policiando cada passo da minha esposa como se ela fosse minha propriedade ... não me parece a “ação” certa para manter o relacionamento saudável.

  Nesse momento que escrevo esse texto uma filha tem 13 e a outra 11 anos.
  É logico, esperado que logo a sexualidade se aflore.
  Converso sobre tudo com minhas filhas, fora isso elas nasceram em uma época que todo tipo de informação está facilmente disponível.
  Quero dizer que mesmo que eu e minha esposa não falássemos sobre sexualidade e relacionamentos, minhas filhas não poderiam alegar ignorância.
  Livros, TV, Internet, amizades ... minhas filhas vivem em um ambiente de liberdade e bom exemplo por parte dos pais.
  Como vão se comportar lá fora ... é com elas.
  Não me vejo policiando minhas filhas.
  Prefiro apostar na confiança, não aquela cega, mas aquela que se atem aos fatos.
  Minhas filhas em algum momento vão namorar?
  Espero que sim, é o normal da nossa espécie.
  Se eu não ficar de olho vão escolher péssimos homens?
  Humm ... posso dar alguns alertas, mas a decisão final é delas, confio que terão bom senso.

  Resumindo essa meditação...

  Lá fora é assustador.
  Tanto mal pode nos acontecer.
  Minha esposa se apaixonar ou viver uma aventura sexual com outro.
  Minha filha se apaixonar por um mau elemento, se envolver com drogas.
  Eu mesmo posso me envolver com outra mulher e ficar dividido em meus sentimentos, posso ser seduzido pelas drogas, posso sofrer algum acidente, brigar no trabalho...

  Por outro lado, se tenho esposa, filhas, moradia, emprego foi saindo da casa da minha mãe.

  O mal está lá fora ... o bem, as conquistas também.

  O bem e o mal estão em qualquer lugar.
  A pessoa sem juízo que age por instinto corre "mais'' risco em qualquer lugar.
 
  Quem garante que ao você ir trabalhar sua “rainha do lar” não se envolva com o vizinho?

  Para jovens se envolverem com drogas não precisam estar em baladas noturnas.

  Não tenho fórmulas magicas, uma maneira “correta” de agir.

  Se você (igual eu) não gosta de sair de casa, evite.
  Não importa se é medo, preguiça, timidez.
  O importante é não se deixar dominar por esses sentimentos e sair quando tem que sair.

  Se você prefere a rua/movimento ... tenha consciência dos riscos e consequências, tome providencias com relação ao básico de segurança.
  Mesmo quem gosta de estar na rua aprecia voltar pra casa.
  
Meditação complementar:





Primeiro era vertigem
Como em qualquer paixão
Era só fechar os olhos
E deixar o corpo ir
No ritmo...
Depois era um vício
Uma intoxicação
Me corroendo as veias
Me arrasando pelo chão
Mas sempre tinha a cama pronta
E rango no fogão
Luz acesa, me espera no portão
Pra você ver
Que eu tô voltando pra casa
me ver
Que eu tô voltando pra casa
Outra vez







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