“A maioria dos males acontece aos homens por
não ficarem em casa.”
[Blaise Pascal]
Não gosto de escrever sobre isso, é muito
perturbador pra mim.
Entendo bem a Síndrome do Pânico.
Fora de casa é um lugar assustador onde tudo
de mau pode acontecer.
Não vou falar de roubo, estupro, latrocínio, atropelamento…
Vou amarrar aos textos anteriores e falar de relacionamentos.
Minha esposa trabalha em uma grande empresa,
como a maioria das pessoas que trabalham, passa a maior parte do dia em função
do trabalho, se excluirmos as horas de sono.
Ela tem contato com dezenas de pessoas todos
os dias e “provavelmente” 50% deve ser homens.
Alguma parte desse público masculino deve
desejar ir para cama com ela então inevitavelmente deve receber cantadas, isso
é comum em qualquer ambiente.
Claro que depois de anos juntos eu já não
tenho tantos mistérios para minha esposa e como acontece em 98% dos casais
estarmos juntos é algo natural, faz parte da nossa rotina.
Nunca dá para saber ao certo o que se passa na cabeça do outro, da minha parte consigo aproveitar tudo de bom que a rotina
traz, principalmente a paz, a tranquilidade, a previsibilidade das coisas.
Me parece que minha esposa compartilha o
mesmo sentimento, mas viver é complicado a vida não é exata.
A possibilidade de minha esposa se apaixonar
por outro homem não deve ser descartada e isso acontecendo as chances do
relacionamento chegar ao fim passam a ser significativas.
Eu estou aqui praticando a FILOSOFIA, mas é
claro que muitos homens chegam a essa conclusão INSTINTIVAMENTE e reagem por
REFLEXO.
Proíbem suas companheiras de trabalhar fora
ou as controlam com “rédeas” curtas.
Porque não estender esse controle também a
suas filhas?
“Prende as cabritas, porque os bodes estão
soltos”.
Tudo lá fora é uma ameaça constante, inclusive
sexual.
Na mente do indivíduo sua casa é seu REINO,
sua família são seus SÚDITOS que lhe devem total OBEDIÊNCIA.
Não devem se afastar do reino, pois só ali
sob sua vista estarão seguros.
Sua esposa é uma rainha, “rainha do lar” 😄
Você está achando esse indivíduo com uma
preocupação exagerada a respeito da sexualidade de sua mulher e filhas?
Concordo com você.
Entretanto muitas famílias vivem essa
situação.
(Talvez você mesmo seja esse marido/pai controlador e nem se dê
conta.)
Quantos homens não gostam que a esposa
trabalhe e se por necessidade trabalham estão sempre desconfiados, imaginam
sinais de traição?
Quantos pais estão sempre desesperados em
saber exatamente onde estão seus filhos, principalmente filhas, como se seus
súditos fossem incapazes de cuidarem de si mesmos?
Há até um reforço midiático a respeito disso.
Já assisti e li muitas matérias sugerindo que
pais devem saber tudo que os filhos fazem, pesquisar até os amigos, isso é ser
"bom pai".
Confiança?
É melhor evitar...
Lido com o medo de sair de casa da mesma
maneira que lido com todos os outros medos.
Submeto a lógica e me esforço para AGIR racionalmente.
Como sabem, o medo é antes de tudo uma
emoção/sentimento, não escolhemos o que sentir, apenas sentimos, podemos
decidir como agir.
Como não consigo evitar de sentir medo de
sair de casa ... evito sair de casa.
Mas preciso trabalhar então faço o que tenho
que fazer.
Dirijo com cuidado, fico atento para não ser
roubado, penso antes de agir para não sofrer acidentes.
Me sinto mais tranquilo com minha esposa e
filhas dentro de casa.
Mas entendo a necessidade de saírem para
trabalhar, estudar ou passear.
Não quero “contamina-las” com meus medos.
Me limito a sugerir regras básicas de
segurança.
No mais ... sinto CONFIANÇA.
Já conheci minha esposa muito independente, alguém
que sabe cuidar de si mesma, não preciso tomar conta dela quanto a “lábia” de
outro homem.
Minha parte é tentar ser um bom companheiro.
Ficar policiando cada passo da minha esposa
como se ela fosse minha propriedade ... não me parece a “ação” certa para
manter o relacionamento saudável.
Nesse momento que escrevo esse texto uma
filha tem 13 e a outra 11 anos.
É logico, esperado que logo a sexualidade se
aflore.
Converso sobre tudo com minhas filhas, fora
isso elas nasceram em uma época que todo tipo de informação está facilmente disponível.
Quero dizer que mesmo que eu e minha esposa
não falássemos sobre sexualidade e relacionamentos, minhas filhas não poderiam
alegar ignorância.
Livros, TV, Internet, amizades ... minhas
filhas vivem em um ambiente de liberdade e bom exemplo por parte dos pais.
Como vão se comportar lá fora ... é com elas.
Não me vejo policiando minhas filhas.
Prefiro apostar na confiança, não aquela cega,
mas aquela que se atem aos fatos.
Minhas filhas em algum momento vão namorar?
Espero que sim, é o normal da nossa espécie.
Se eu não ficar de olho vão escolher péssimos
homens?
Humm ... posso dar alguns alertas, mas a
decisão final é delas, confio que terão bom senso.
Resumindo essa meditação...
Lá fora é assustador.
Tanto mal pode nos acontecer.
Minha esposa se apaixonar ou viver uma
aventura sexual com outro.
Minha filha se apaixonar por um mau
elemento, se envolver com drogas.
Eu mesmo posso me envolver com outra mulher e
ficar dividido em meus sentimentos, posso ser seduzido pelas drogas, posso sofrer algum acidente, brigar no trabalho...
Por outro lado, se tenho
esposa, filhas, moradia, emprego foi saindo da casa da minha mãe.
O mal está lá fora ... o bem, as conquistas também.
O bem e o mal estão em qualquer lugar.
A pessoa sem juízo que age por instinto corre
"mais'' risco em qualquer lugar.
Quem garante que ao você ir trabalhar sua “rainha
do lar” não se envolva com o vizinho?
Para jovens se envolverem com drogas não
precisam estar em baladas noturnas.
Maus elementos também frequentam a escola por algum tempo.
Não tenho fórmulas magicas, uma maneira “correta”
de agir.
Se você (igual eu) não gosta de sair de casa,
evite.
Não importa se é medo, preguiça, timidez.
O importante é não se deixar dominar por esses
sentimentos e sair quando tem que sair.
Se você prefere a rua/movimento ... tenha consciência
dos riscos e consequências, tome providencias com relação ao básico de segurança.
Mesmo quem gosta de estar na rua aprecia
voltar pra casa.
Meditação complementar:
Primeiro
era vertigem
Como
em qualquer paixão
Era
só fechar os olhos
E
deixar o corpo ir
No
ritmo...
Depois
era um vício
Uma
intoxicação
Me
corroendo as veias
Me
arrasando pelo chão
Mas
sempre tinha a cama pronta
E
rango no fogão
Luz
acesa, me espera no portão
Pra
você ver
Que
eu tô voltando pra casa
me
ver
Que
eu tô voltando pra casa
Outra
vez
.
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