“Essa covardia mole e tímida que não deixa nem
ver, nem seguir a verdade.”
[Blaise Pascal]
Filme: A
mulher do meu Irmão
Sinopse: Após
dez anos de casamento, Zoe (Barbara Mori) sente-se entediada com a vida carente
de paixão e surpresas.
Um dia ela se deixa seduzir pelo cunhado e a
partir desta situação, desencadeia-se uma série de eventos que levarão os
personagens a um arriscado jogo de vinganças secretas e paixões.
Não gosto desse tipo de filme, portanto não
assisti.
Mas me fez lembrar de uma minissérie que
assisti, Primo Basílio.
Nesse tipo de
roteiro a mulher é sempre “vitima” do tédio no casamento.
Como é possível evitar isso?
Não sei.
É normal que no começo do relacionamento haja
sentimentos muito intensos, depois é natural que ocorra uma acomodação.
Se as pessoas não aceitam isso ... fica
complicado.
No começo do namoro toda mulher fica ansiosa
com a chegada do namorado, é um dos momentos mais importantes da sua vida
naquele dia.
Lembrei agora de
uma vez que eu tinha combinado com minha esposa (namorada na época) de ir à
casa dela que era bem longe, mas eu tinha tido um dia daqueles, muito trabalho
e muita gripe.
Avisei
que não poderia ir e me atirei na cama, não passou nem 2 horas, ela chegou com
seu irmão Leonel e a namorada dele até minha casa.
Eu estava péssimo, tudo que queria era ficar
naquela cama e esquecer que existia outro dia, quem já passou por uma gripe
muito forte sabe do que estou falando.
Confesso que quando
minha mãe avisou que eles estavam na porta eu pensei:
“Porque Deus!?
Manda um raio e me mata de uma vez.”
Ao ver minha namorada tão sinceramente
preocupada com minha saúde, além de obviamente ter me dado uma incerta demonstrando MEDO em me perder, minha mente se
aquietou.
Apesar da gripe e desanimo fiquei agradecido
por alguém ter tanto apreço por mim.
É natural que um casal de namorados se deseje
muito, quando tudo caminha bem a relação aprofunda-se, acontece o casamento e
esse desejo é plenamente saciado.
A esposa já não tem
tanta ansiedade pela chegada do marido, não é mais o momento mais importante de
seu dia, afinal agora quando o marido diz para alguém que vai para casa é com
sua esposa que ele irá se encontrar.
A ansiedade da
espera o prazer da chegada não tem como retornar a não ser que ocorra uma separação
e recomeço.
No casamento a certeza da companhia deveria
ser um sentimento bom.
Noto que os casais não dão o devido valor a
rotina, a estabilidade.
Uma das coisas que nos faz gostar muito de
nossos pais é a certeza da COMPANHIA.
De podermos contar com eles não só nos
momentos alegres, mas nos difíceis também.
Estar em casa com seu pai e sua mãe é algo
naturalmente bom.
(Ou deveria ser, eu
não tive sorte com meu pai, mas minhas filhas se sentem muito bem em casa.)
Quando você vai
tomar um chopinho com amigos ou as compras com as amigas é o prazer da
companhia que os move.
Percebem que não
falamos de sexo, paixão intensa, aventuras ... e todos pensaram em momentos
agradáveis?
O casamento igual as demais relações deve ter
como base esse COMPANHEIRISMO.
Se sentir bem com a presença do outro sem
precisar nem de palavras, tal qual acontece com nossa mãe, nosso pai ou com
amigos.
No namoro ou casamento temos o sexo como
BÔNUS e não uma nova base sobre a qual a relação deve se apoiar.
O Libido é
muito variável no decorrer de nossas vidas, construir algo sólido em uma base
tão instável não é LÓGICO.
A insegurança da
namorada provoca sentimentos bons e maus, a segurança da esposa provoca
sentimentos bons e maus.
Como podemos pegar
tudo de bom da insegurança e juntar com tudo de bom da segurança?
NÃO PODEMOS.
Para o casamento
ter a adrenalina do namoro ele tem que estar sempre em risco e risco constante
não é bom nem para o namoro quanto mais para o casamento.
Nós temos ...
“Essa covardia mole e tímida que não deixa nem ver, nem
seguir a verdade.”
Covardia de admitir que em 98% das vezes um
relacionamento inevitavelmente caminha para a monotonia.
(Os 2% são raras exceções à regra)
Não “vemos” que ao demonizar a rotina, a
monotonia, demonizamos também a SEGURANÇA e tudo que ela pode trazer de bom.
O problema com a
realidade é que ela acontece de qualquer jeito, o que faz diferença é como você
lida com ela.
“Após dez anos de casamento, Zoe sente-se entediada com
a vida carente de paixão e surpresas.”
Será que a Zoe nunca observou toda realidade
acerca de casamentos e relacionamentos longos a sua volta!?
Zoe esperava baseada em que, que com ela
fosse diferente!?
Deduzo
que Blaise nos alerta para essa “covardia diante da realidade”.
Você tem MEDO que aconteça com seu casamento
o que acontece com todos os outros.
Ao invés de se
preparar para a realidade tenta de toda maneira evita-la.
Como a realidade não se importa com as ilusões, “soluções
insatisfatórias” acontecem.
Zoe se envolveu com o cunhado.
Luísa com o primo Basílio.
Se Zoe estivesse casada 10 anos com o cunhado
ou Luísa com Basílio quem aposta que o “tédio” não ocorreria?
Enfim...
Noto
que muitos casamentos se desfazem não por que não sejam bons, o casamento é
tudo que deveria ser.
É que as pessoas
querem que o casamento seja algo que ele não consegue ser, não pode ser:
BASEADO EM SEXO, AVENTURA,
NOVIDADES.
Essa covardia mole
e tímida que não deixa nem ver, nem seguir a verdade sobre relacionamentos
longos.
O que seria uma
fase tranquila de nossas vidas onde poderíamos diante da luta do dia a dia lá
fora encontrar um refrigério aconchegante em nosso LAR, transforma-se em uma
batalha de egos.
O cônjuge tem que atender a todas nossas
expectativas, nos fazer felizes, espantar o tédio todos os dias...
Seja
amigo, companheiro, auxilie, leve paz, proteja, planeje um futuro bom, cuide
bem dos filhos ... transforme sua vida em uma “agradável rotina”.
Na magreza e na gordisse 😆😆
Mas se seu prazer é estar sempre vivendo
paixões intensas, casamento não é pra você.
Todo ano troque de namorada(o).
Vou ficando com essa meditação por aqui, mas
preciso deixar um último alerta.
Já conheci solteirões (e solteironas) do tipo
bem liberal.
Chega a fase que uma nova paixão nem é mais “paixão”.
É só outra namorada, por alguns meses.
No final das contas tudo vira rotina.
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