“A cura para um
argumento falacioso não é a supressão de ideias, e sim um argumento melhor.”
[Carl Sagan]
Li uma matéria científica dizendo que o
Google (sites de busca) está “emburrecendo” as pessoas.
O argumento usado é que o indivíduo ao invés
de pensar, busca respostas prontas, isso supostamente vai atrofiando a
capacidade de raciocínio e memória.
Culpa do Google?
Smartphones podem estar deixando as pessoas
burras, revela pesquisa.
Se eu endeusasse cientistas (ou matérias
científicas) essa reportagem mudaria minha vida, meu jeito de lidar com a
Internet, mas como sou um livre pensador e não idolatro homens ou ideias
comecei a pensar e se…
O Google, sites de busca em geral, estivesse
trazendo aquela evolução da humanidade que eu tanto esperava?
Uma
seleção natural das pessoas realmente mais inteligentes e/ou sábias.
Confundimos muito INTELIGÊNCIA com MEMÓRIA.
Até hoje era difícil dissociar uma coisa da
outra.
Um aluno com boa memória grava melhor as
explicações do professor, decora melhor as fórmulas matemáticas, decora melhor
a tabuada, decora melhor os livros de história…
Acontece que se guardar informações na
memória fosse a mesma coisa que inteligência qualquer computador seria uma
máquina inteligente.
Não haveria mais cientistas tentando
desenvolver a inteligência artificial.
A memória se limita a guardar conhecimentos,
a inteligência os inicia e desenvolve.
Sem a inteligência não haveria conhecimento
ou aprendizado para ser guardado na memória.
Sabedoria é algo
mais complexo, como a pessoa utiliza a inteligência que tem.
A memória se limita a armazenar dados e a
“copiar padrões”.
O aluno decorou aquela fórmula de física,
decorou a resolução dos problemas propostos, o professor colocou na prova
aqueles problemas muito semelhantes aos desenvolvidos em sala de aula e bingo!
O aluno que nasceu com boa memória tirou 10
sem muito esforço.
Se esse aluno além de boa memória tiver uma
boa inteligência poderá desenvolver novas teorias físicas, dar aplicações
diferenciadas as fórmulas, aplicá-las eficientemente em sua vida profissional e
até mesmo em seu cotidiano, se não tiver, bem…é só mais um idiota com diploma.
Não sou diplomado em Filosofia, seria
complicado conseguir boas notas caso fizesse faculdade disso.
Não tenho excelente memória, se as provas do
curso se baseassem em quem disse o que quando ... minhas notas seriam 5, 6, no máximo
7, o tédio seria 10. 😊
Outro complicador é que a nota que o
professor dá fica de acordo com a própria opinião dele sobre o assunto.
Exemplo, um professor que adore Friedrich
Nietzsche não vai gostar se você fizer alguma crítica a esse pensador.
Ele vai achar que você não entendeu, não
captou o que Nietzsche quis dizer (segundo a opinião dele) e dará nota
baixa.
Para quem não gosta do que escrevo, sou um idiota
sem diploma.
Mas para mim o que conta é a argumentação.
No caso dessa notícia o que muitos cientistas
e outros pensadores acham uma tragédia eu tenho enormes e maravilhosas
expectativas.
O conhecimento fica facilmente acessível a
todos sem dependermos muito da “memória biológica”.
O que fará diferença é como usamos o
conhecimento/informação, nossa capacidade de INTELIGÊNCIA.
Dizem
que o conhecimento fica superficial o que eu também não concordo.
Tudo vai de qual é o interesse real da pessoa.
Vou tentar um exemplo.
Você gosta muito de motos, quer montar uma
oficina.
Para isso necessita abrir empresa.
Procura no site de busca tudo que é preciso
legalmente.
Veja que abrir a empresa é só uma necessidade
burocrática para seu real interesse.
Você pode gastar uma nota preta pagando um
profissional especialista nesse assunto ou encontrar uma maneira fácil de fazer
você mesmo, algum programa disponibilizado pelo Governo.
Seu conhecimento sobre abrir empresa será
superficial, mas lembremos que seu real interesse são motos é nisso que você
quer ter conhecimentos profundos.
Quero dizer que a maioria das informações que
buscamos são necessidades passageiras.
Antigamente um taxista com boa memória tinha
muita vantagem, hoje com o GPS, mesmo com a expansão das cidades, ninguém
precisa memorizar onde estão as ruas, o cidadão precisa ser inteligente para
lidar com o trânsito, tratar bem o passageiro, ter bom entendimento do
aplicativo.
Enfim.
Agora,
com a memória da humanidade acessível por cliques quem sabe ocorra uma seleção
natural dos inteligentes de fato.
Já temos idiotas diplomados demais.
Para passar em concursos públicos ou entrar
em boas faculdades, em geral, o que tem mais peso é sua capacidade de
memorizar.
Vejam o caso das carreiras jurídicas.
Se você tiver boa memória, não terá grande dificuldade
em chegar a ser juiz e decidir sobre o destino da vida de muita gente.
Basicamente você tem que decorar leis e
normas do serviço público.
Quando você está diante de um juiz precisa
contar com a sorte.
Ali pode estar alguém inteligente/sábio
ciente da responsabilidade que carrega, ou ... só um indivíduo com excelente
memória, um idiota diplomado.
😡 “Quando um juiz erra, pode falar com ele?”
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