O Brasil está longe de ser um lugar horrível
para viver, já li sobre inúmeros países e não estamos tão mal.
Digo isso porque ao assistir jornais com
tantas notícias desagradáveis muitos ficam deprimidos acreditando que vivem no
pior dos mundos, no pior dos países.
Eu trocaria o Brasil por uma Holanda, Suíça,
Canadá, Alemanha.
Não trocaria por Grécia, Rússia, Argentina,
Irã, México, Angola, China… e tantos outros.
Não tem a ver exatamente com qualidade de
vida, mas com a cultura.
Exemplo:
De certo um argentino gosta da Argentina, se
eu tivesse nascido lá também gostaria.
Como nasci no Brasil, mudar para Argentina,
seria meio que trocar 6 por meia dúzia e ficar distante de toda “memória
afetiva” acumulada até aqui.
Não quero mudar para outro país, quero
melhorar esse aqui.
Estamos tão obcecados em xingar políticos que
ficamos cegos para toda corrupção que ocorre a nossa volta.
Quando tive restaurante, sempre chegava o
boleto de alguma coisa que eu nem imagina o que era ou para que servia.
Lembrei agora de dois, um era do Sindicato Patronal!
Vinha lá com um valor que eu tinha que pagar
ou não poderia gozar dos “benefícios.”
Que benefícios? Não faço ideia.
Um colega comerciante disse que quando não
pagou, seu estabelecimento era “estranhamente” muito visitado por fiscalizações
com denúncias anônimas.
Outro que sempre chegava era a cobrança por
minha empresa estar em uma lista Telefônica que divulgava o estabelecimento.
Caraca, nunca assinei nada nesse sentido,
nunca solicitei esse serviço.
Sabiam que aqui em Campinas se você tem um
comércio “regularizado” sua conta de água é dobrada?
Quando recebi o boleto quase cai de costas.
Se você gastou 200 de água é cobrado mais 200
pela utilização da rede de esgoto.
Minha esposa paga um tal de COREN que parece
existir só para extorquir ela e suas companheiras de profissão. (Enfermagem)
E o dia de trabalho que você tem que dar para
o “seu” sindicato?
Enfim, são tantas taxas e “contribuições
obrigatórias” estranhamente amparadas por leis que nem sabíamos que existiam,
algumas nem existem mesmo, nos acostumamos a pagar sem questionar, para não ter
maiores dores de cabeça.
Vejam essa matéria sobre as Carteiras de
Estudante emitidas pela UNE.
Será que a UNE fiscaliza a utilização
correta do benefício?
Como ela faz isto?
Mantém algum funcionário nas empresas de
ônibus ou bilheterias de shows?
Faz um trabalho investigativo para evitar
falsificações?
Sou capaz de apostar que a UNE só vende um
carimbo.
É uma estranha “legalização da extorsão”.
UNE tem
privilégio no Bilhete Único Universitário.
“O que era para ser de graça tem preço:
R$ 20, a taxa cobrada por UNE e UEE para
emitir as carteirinhas.”
“O privilégio dado às duas organizações
suscitou críticas entre os estudantes beneficiados.
Para eles, não faz sentido exigir uma série
de documentos da universidade e ainda a carteira de estudante.
-
Não faz sentido isso.
Durante o meu ensino médio, eu não pagava
nada para ter o passe livre e, agora, tenho que pagar pelo meio-passe?”
Excelente Texto:
Sou Réu.
(Artigo de Claudio de Moura Castro,9 de
julho de 2011)
No entusiasmo de minha formatura em Economia
– já vai tempo! –, afiliei-me ao Conselho Regional de Economia do Rio de
Janeiro.
Antes de começar a trabalhar, fui fazer meu
mestrado e doutorado nos Estados Unidos.
Lá me apaixonei pelos assuntos da educação,
fiz minha tese nesse tema e, ao voltar ao Brasil, fui trabalhar como professor
e pesquisador em educação e formação profissional.
Em minha passagem pela, CAPES, IPEA, OIT,
Banco Mundial e BID, somente lidei com educação.
Após minha volta, continuei.
Pois não é que, o Conselho Regional de
Economia vem, há muito, insistindo em me cobrar suas mensalidades?
Argumentei por escrito que não exercia e
jamais exerci a profissão de economista.
Pela lógica, se o Conselho ocupa-se do
exercício da profissão, não é comigo.
Achei que fosse o bastante.
Mas não foi.
Recebo agora uma comunicação de que estou
sendo processado.
Querem de mim as mensalidades atrasadas.
Na verdade, os valores são modestos, muito
menos do que vale o meu tempo e o do advogado para lidar com essa briga.
Mas sou teimoso.
Por princípio, não quero pagar.
De um Conselho de Economia, deveríamos
esperar luzes sobre os enguiços da economia brasileira.
O que vemos?
A prática do mais tacanho corporativismo.
As corporações de ofício nascem na Idade
Média, visando regulamentar as profissões artesanais e o seu aprendizado.
À sociedade, ofereciam um pacote justo.
Garantiam para seus membros o acesso ao
mercado, impedindo que os de fora a exercessem.
Mas em contrapartida, garantiam a qualidade
dos seus profissionais, com rigorosas provas de competência, ao fim dos sete
anos aprendendo com um mestre.
Sobraram hoje os pedaços errados dessa
tradição.
Em vez de proteger o mercado dos artesãos, as
novas corporações protegem universitários (que estão no topo da distribuição de
renda).
Pior, criam uma reserva de mercado para a
categoria, sem fazer qualquer simulacro de controlar a qualidade.
Basta
ganhar um diplominha, de qualquer faculdade e aninhar-se debaixo das asas
protetoras dos Conselhos.
É o pior dos mundos.
Protege
o mercado dos economistas (ou dos membros de outros conselhos) e não dá nada em
troca.
Ou seja, é uma máquina burocrática cujo
funcionamento consiste em cobrar mensalidades.
Em troca de quê?
Terei que contratar um advogado para me
defender.
Mas tenho todo o direito de especular sobre o
espírito da lei.
Se há uma cobrança, é de se pensar que deve
haver uma contrapartida para quem paga.
Em
princípio, esse benefício seria a defesa dos interesses dos profissionais.
Ora, para uma pessoa que jamais exerceu a
profissão, não há contrapartida, nem real e nem imaginária.
Se não trabalho como economista, não tenho
tais interesses a serem defendidos.
Portanto, o Conselho não me presta serviços.
No fundo, a sociedade brasileira se torna refém
de um câncer corporativo, cuja metástase se alastra diuturnamente.
Como não quero pagar o pedágio de uma
corporação supostamente defendendo interesses que não são meus, sou processado.
Embora
seja um processo bobo e de pouca monta financeira, quero arrostar o princípio.
Por pouco escapamos de ter uma lei
regulamentando a profissão de astrólogo, com seu rosário de privilégios e
ameaças a quem não tiver carteirinha e não pagar as mensalidades.
Mas há o Conselho da Educação Física,
tentando impedir que bailarinos ensinem a dançar.
Os administradores não querem deixar
engenheiros, economistas ou advogados administrar empresas, mesmo que tenham
mestrados ou doutorados na área.
Peter Drucker, como advogado, não poderia
ensinar Administração.
Einstein não poderia dar aula de física na
mais humilde escola pública brasileira, pois não tinha licenciatura.
Os melhores músicos brasileiros não podem
ensinar nas nossas universidades, por faltar-lhes os diplomas.
Em nome de que princípio?
Médicos, advogados e pilotos de avião têm boas
razões para serem rigorosamente certificados, pois há vidas em perigo.
Mas há
poucas profissões nessa categoria.
No fundo, o grande mérito dos conselhos é seu
êxito em bajular congressistas e fazer lobby para regulamentar a profissão.
São
recompensados pela sua competência no tapetão. E por nada mais.
Mas por que a sociedade brasileira tem que
aceitar essa colônia de parasitas, sugando, aos poucos, o fruto do nosso
trabalho?
Alvíssaras, caiu por terra a exigência de
diplomas para jornalistas!
Há esperanças. Anti-corporativistas,
uni-vos.
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