sábado, 24 de agosto de 2013

Pastoral do MST


  Os padres que estão no comando da Igreja Católica foram formados na década de 60 e 70.
  Nesse período no Brasil havia uma simpatia generalizada pela URSS.
  Havia a "possibilidade" de sermos uma enorme Cuba na gestão João Goulart.
  Os militares interviram e não chegamos a tanto.

  Golpe de 1964 

  Predominava uma visão romântica do Comunismo, os seminaristas e padres não eram exceção.
  Acreditavam no fim do capitalismo e no sucesso da Teologia da Libertação.

  Vindo para os dias de hoje ...

  Estava assistindo a Século 21 (emissora católica), notei que há muitos padres jovens e a tendência é o movimento carismático.

 Os atuais “padres shows” é que daqui algum tempo darão as cartas, a geração formada em 60 está caminhando para o descanso eterno. 

  A situação que observamos é um resquício do passado.
  Para algumas pessoas  parece que o “muro” nem foi derrubado, elas pararam no tempo.
  A Igreja Católica, por seu tamanho, sempre apresenta um retardo em relação a atualidade, mas daqui alguns anos  os padres “socialistas” estarão mortos e os padres de “resultados” estarão no poder.

  Oh! Glória a Deus… 😏



 "Entra na minha casa
   Entra na minha vida
   Mexe com minha estrutura
   Sara todas as feridas
   Faz um Milagre em mim."


  A população em geral "parece" estar despertando da ilusão socialista, mas não dá pra comemorar muito, o que não falta na América Latina são "recaídas".

  Essa matéria do Estadão é muito interessante e importante, achei melhor copiar, para não correr o risco do link ficar indisponível.


                                               


  XICO GRAZIANO


   06 Agosto 2013 

 

  O País sem o MST.

 

  Noutro dia, em seminário do PT na Bahia, Lula lançou um enigma:

 

   "Eu fico pensando o que seria o Brasil se não fosse o MST".

 

  A resposta me brotou fácil, haveria mais prosperidade e paz no campo.

  Explico o porquê.

 

  O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) originou-se em 1979, motivado pela luta agrária dos colonos gaúchos nos municípios de Ronda Alta e Sarandi.

  O regime militar, que comandava o País na época, tentou desmantelar, pelas mãos do famigerado coronel Curió, aquela inquietação camponesa.

  Ao contrário, porém, sustentado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) e apoiado por líderes da oposição democrática, o episódio prosperou, agigantando-se o acampamento de sem-terra.

 

  Cinco anos depois (1984), 8 mil pessoas invadiram a Fazenda Annoni, demonstrando uma ousadia que, de pronto, ganhou a simpatia da opinião pública.


  O sucesso da empreitada guindou a nova organização à liderança da ação "antilatifundiária" no campo.

  Seu antípoda, criado no debate da Constituinte, era a União Democrática Ruralista (UDR).

  Seu rival "interno", de quem procurou sempre se diferenciar, era a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), considerada "pelega" pela esquerda de então.

  A sociedade em mudança adotou o MST.

 

  Assim, no estrebuchar da ditadura, renascia no País a tese da reforma agrária.

  Agora, porém, a causa vinha despida de sua lógica econômica, conforme fora idealizada nos anos 1960, para se carregar de conteúdo social.

  Com a bênção da Teologia da Libertação, um pedaço de terra redimiria os excluídos do campo.

  Nascia uma utopia agrária.

 

  Ruíra em 1989 o Muro de Berlim.

  Por aqui, findos os anos de chumbo, avançava a redemocratização.  

  Simultaneamente, avançava a modernização capitalista da agricultura, modificando a dinâmica do agro; antigos latifúndios viravam empresas rurais.

  Mais à frente, o Plano Real retirou da terra ociosa seu ganho especulativo, empurrando-a para a produção.

  Começava o império da tecnologia na agropecuária brasileira.

 

  Nesse caminhar da História, a bandeira revolucionária do MST começou a perder seu brilho.

  Foi então que a organização decidiu, em 1995, mudar sua estratégia, partindo para o confronto direto com os fazendeiros do País: invadiu a Fazenda Aliança, situada em Pedra Preta (MT). 

 Pertencente a um conceituado líder ruralista, a propriedade mantinha excelente rebanho, elevado rendimento, 29 casas de alvenaria, 160 quilômetros de cercas, 21 empregados registrados, reserva florestal intacta, um brinco produtivo.

  Acabou nesse momento o MST "do bem".

  Inaugurando a fase ulterior da crise agrária, as invasões de propriedades tomaram conta do Brasil, avançando especialmente contra as pastagens de gado.

  Incontáveis "movimentos" surgiram alhures, arrebentando cercas, roubando gado, fazendo "justiça" com as próprias mãos.

  Verdadeiras quadrilhas disfarçaram-se de pobres coitados e saquearam regiões, como no sul do Pará. Banditismo rural.

 

  O MST militarizou-se.

  Seus quadros passaram a fazer treinamento centralizado, o comando definiu regras de comportamento e seleção.

  Centros passaram a oferecer cursos de capacitação, baseados na cartilha básica intitulada Como Organizar a Massa.

  Doutrinação pura.

  Nascido como "movimento social", o MST transformou-se em rígida organização, adentrando a cidade.

  Recrutando miseráveis urbanos, montou uma "fábrica de sem-terra" no País.

  Nunca mais a reforma agrária encontrou seu eixo.

 

  Como teria sido a reforma agrária sem o terrorismo das invasões de terras?

 

  Primeiro, seria certamente um programa mais bem planejado, articulado, e não um remendo açodado para resolver conflitos.

  Não trombaria com a agronomia nem com a ecologia, projetando assentamentos tecnicamente viáveis.

   Não faria da reforma agrária um foco de devastação ambiental, conforme se verifica em toda a Amazônia.

  Não confundiria remanescentes florestais com terra inculta, promovendo uma infeliz união da miséria com a depredação ecológica, como, entre tantos exemplos, provam a Fazenda Zabelê, no litoral de Touros (RN), ou a Fazenda Araupel, em Rio Bonito do Iguaçu (PR).

 

  Segundo, os beneficiários da reforma teriam aptidão reconhecida para a lide rural, jovens habilitados, filhos de agricultores familiares, jamais viriam dos excluídos da cidade.

  O vestibular da terra seria a capacitação, nunca a invasão.

  Os assentamentos rurais estariam baseados na produção tecnológica, integrada ao circuito de mercado, nunca firmada na roça de subsistência, isolada.

  Os novos produtores se emancipariam, seriam titulados, e não, como ocorre hoje, se tornariam subservientes ao poder.

 

  Terceiro, e em decorrência dos anteriores, a reforma agrária seria menor em tamanho, porém muito maior em qualidade.

  Geraria produção e renda.

  Daria à sociedade retorno do investimento público.

  Hoje, acreditem, nem se avalia o custo-benefício dos assentamentos.

  Nunca se mediu sequer a produção agropecuária advinda das áreas reformadas no Brasil, que atingem 90 milhões de hectares, envolvendo 1,2 milhão de assentados. Ninguém sabe quanto nem o que produzem.

 

  Conclusão: O distributivismo agrário resultou na mais onerosa e fracassada política social da História brasileira.

   Para se ter uma ideia, o custo médio de cada assentado beira os R$ 100 mil, valor que manteria uma família durante 13 anos recebendo um salário mínimo mensal.

  Com uma agravante, pelas mãos raivosas dos invasores de terra se criou no País um foco contínuo de encrenca, antipatias, inimizades.

 

  O que seria do Brasil se não fosse o MST?

  Respondo ao Lula, tranquilamente: mais produtivo e fraterno no campo.

 

 * Xico Graziano é agrônomo, foi secretário de agricultura e secretário do meio ambiente do estado de São Paulo.

 

  Link - Estadão



 





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